A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou nesta terça-feira (3) que deixou o Brasil e está atualmente na Europa. A declaração foi dada durante entrevista à Rádio Auriverde, na manhã de hoje. Segundo a parlamentar, sua saída do país ocorreu inicialmente para tratar um problema de saúde. No entanto, ela também alegou estar sendo alvo de “perseguição judicial”, após ter sido condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão.
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— Estou fora do Brasil já faz alguns dias. Vim, a princípio, buscar um tratamento médico, e agora vou pedir para que eu possa me afastar do cargo (…) Vou me basear na Europa, tenho cidadania europeia. Estou muito tranquila quanto a isso — afirmou.
O advogado de Zambelli, Daniel Bialski, confirmou que foi informado da viagem, e disse que ela deixou o país “para dar continuidade a um tratamento de saúde”.
A deputada afirmou que pretende viajar pelo continente europeu e se reunir com autoridades para denunciar o que chama de distorções na realidade brasileira. Ela também declarou ter receio de perder o acesso às redes sociais e pediu que seus apoiadores passem a seguir sua mãe, Rita, que deve disputar as eleições no próximo ano. Segundo Zambelli, ela está tentando transferir seus perfis nas plataformas digitais para a mãe. A parlamentar também revelou que emancipou seu filho de 17 anos.
Zambelli se disse vítima de perseguição, mas afirmou ter “renascido” fora do Brasil:
— Me cansei de ficar calada, me cansei de não atender meu público (…) Nosso país não tem condições de abarcar pessoas que querem falar tanto quanto eu
Durante a entrevista, a deputada aproveitou para criticar o sistema eleitoral:
— Aqui fora eu posso falar: nossas urnas não são confiáveis — declarou.
Zambelli deixou o país antes da conclusão do julgamento de todos os recursos contra sua condenação, que pode resultar em prisão e na perda do mandato parlamentar. A sentença foi motivada por seu envolvimento em invasões ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli e o hacker Walter Delgatti foram responsáveis por elaborar e inserir diversos documentos falsos no sistema do CNJ. Entre eles, um mandado de prisão forjado contra o ministro Alexandre de Moraes, redigido como se tivesse sido assinado pelo próprio magistrado. O documento foi incluído no Banco Nacional de Mandados de Prisão, vinculado ao CNJ.
Logo após a condenação, ela deu uma entrevista coletiva em São Paulo, criticando a sentença. Esta foi sua última aparição pública no Brasil.
Atualmente afastada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Zambelli afirmou que sua relação com ele foi “envenenada” pelo ex-advogado Fábio Wajngarten, que teria a responsabilizado pela derrota nas eleições presidenciais. Wajngarten foi recentemente demitido a mando da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.