Em evento concorrido, que contou com a presença dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), as cúpulas do União Brasil e do Progressistas (PP) anunciaram, na tarde desta terça-feira (29), o lançamento da federação entre as duas siglas, que vai se chamar União Progressista (UP). O bloco que reuniu duas das maiores siglas do Centrão deverá se consolidar como a maior força política do país, e desempenhar papel relevante na sucessão presidencial.
Apesar do nome que evoca consenso, a federação nasce ainda permeada por rusgas internas e divergências. Enquanto o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), cobra o desembarque do bloco do governo Lula, o senador Davi Alcolumbre consolida-se como um dos mais influentes interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo padrinho de dois ministros: Waldez Góes, do Desenvolvimento e Integração Regional, e Frederico de Siqueira Filho, de Comunicações. Caiado terá o apoio da federação para divulgar a pré-candidatura à presidência da República, mas terá de alcançar pelo menos dois dígitos nas pesquisas sobre a sucessão, até o ano que vem, para ser confirmado como candidato oficial.
Outra aresta envolveu a presidência da federação, que será rotativa. O primeiro mandato será exercido por um conselho, formado pelos presidentes do União, Antonio Rueda, e do PP, senador Ciro Nogueira (PI), até o fim deste ano. Em janeiro do ano que vem, caberá a Rueda assumir o cargo até dezembro, emergindo como líder da federação no ano eleitoral. Ou seja, caberá a ele distribuir os recursos do fundo eleitoral no ano de eleições para os Legislativos estadual e federal, para governadores e presidente da República.
A opção por esse modelo irritou o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que se articulou, internamente, para ser o primeiro presidente da federação. Questionado sobre o descontentamento de Lira, uma liderança da federação respondeu que já foi “tudo pacificado”.
Outra reclamação de lideranças é que apesar da fotografia, transmitindo a imagem de união, há insatisfação com a indefinição sobre os presidentes estaduais da federação. Conforme mostrou o Valor, os cofres do bloco movimentarão recursos bilionários, se o Congresso elevar o valor do fundo eleitoral para as eleições de 2026. Se as duas siglas estivessem unidas já nas eleições municipais de 2024, teriam arrecadado, juntas, a maior fatia do fundo eleitoral: R$ 953,7 milhões, de um volume total de R$ 4,9 bilhões.
A federação nasce como a maior bancada da Câmara, com 108 integrantes, somando-se os 59 representantes do União com os 49 do PP. Irá superar o PL, que tem 90 integrantes, e a federação PT-PCdoB-PV, com 80. No Senado, a federação terá o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, e 14 senadores, impondo-se como uma das três maiores. Ainda terá seis governadores e quatro ministérios: Desenvolvimento e Integração Regional, Comunicações, Turismo e Esporte.