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‘Terão que aprender qual é o nosso lugar’

Depois de abandonar uma sessão tumultuada no Senado, a ministra Marina Silva diz que não é obrigada a ficar num espaço para ser agredida e tratada com desrespeito.

— Nunca tive uma atitude subserviente ao machismo ou ao racismo. Cada vez mais, terão que aprender qual é o nosso lugar — afirma.

Hostilizada por aliados do governo, ela diz não se sentir isolada, mas admite que a frente ampla que ajudou a eleger o presidente Lula “tem contradições”.

Marina pede mobilização da sociedade para convencer os deputados a não aprovarem o projeto que, segundo ela, “quebra a vértebra” do sistema de proteção ambiental.

Leia trechos da conversa com a coluna:

A senhora esperava enfrentar tanta hostilidade no Senado?

— Cheguei disposta a debater todos os temas. O problema foi a intensidade das agressões. Houve claramente uma extrapolação. Eu estava no meu lugar de ministra. Quem não estava em seu lugar não era eu.

Por que decidiu sair da sala?

— Sou uma pessoa de luta e de paz. Sempre ofereço a outra face. Um senador (Plínio Valério) disse que não me respeitava como ministra, e eu respondi que iria embora se ele não pedisse desculpas. Não sou obrigada a ficar num espaço para ser agredida e tratada com desrespeito.

Por que o discurso ambiental é tão forte no Congresso?

— Existem aqueles que querem reeditar o passado o tempo todo. As pessoas cobram que o desmatamento caia, que não haja mais queimadas, mas não aceitam as medidas necessárias para isso. O que essas pessoas querem, na verdade, é ver seu interesse prevalecer.

O fato de ser mulher contribuiu para os ataques?

— Se fosse um homem ali, dificilmente um senador diria “ponha-se no seu lugar”. Eles acham que podem decretar o que você deve fazer. Nunca tive uma atitude subserviente ao machismo ou ao racismo. Cada vez mais, terão que aprender qual é o nosso lugar.

Senadores aliados do presidente Lula também participaram dos ataques, e os líderes do governo não apareceram para defendê-la. A senhora se sente isolada?

— A frente ampla tem contradições. Todos fomos importantes para salvar a democracia. O problema é que alguns não compreendem que a frente também precisa defender os direitos humanos, o meio ambiente, o combate ao racismo e ao machismo.

Como se sente quando o presidente faz críticas públicas ao Ibama e reclama de “lenga-lenga” na avaliação de licenças?

— O presidente Lula nunca me pediu para flexibilizar um centímetro nas exigências legais do processo de licenciamento ambiental. O que importa mais, o que ele diz numa entrevista ou o que ele diz à ministra do Meio Ambiente? Depois do que aconteceu no Senado, ele ligou para se solidarizar. Perguntei como ele estava de saúde, e ele respondeu: “Fiquei bem melhor depois que você decidiu se retirar da sessão”.

A senhora também foi procurada pela primeira-dama. Como foi a conversa.

— Troquei algumas mensagens com a Janja. Ela se solidarizou porque também é agredida e tratada com preconceito o tempo todo. Cada um oferece aquilo que tem. Se o que os senadores têm a oferecer é agressão…

Após a sessão no Senado, a senhora foi recebida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta. Houve algum acordo sobre o projeto que muda o sistema de licenciamento?

— Foi uma conversa democrática e civilizada. Ponderamos que precisa haver tempo para o debate na Câmara. Ele disse que quer ouvir todas as partes antes de se posicionar. Expliquei que o projeto aprovado no Senado quebra a vértebra da proteção ambiental brasileira e pode causar um prejuízo enorme. O Congresso pode mudar as leis do país, mas as leis da natureza não mudam um centímetro.

Ainda tem esperança de reverter o que foi aprovado no Senado?

— Ainda acredito que a sociedade brasileira vai dar sustentabilidade política para os deputados aperfeiçoarem o sistema de licenciamento, em vez de acabar com ele.

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