O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a dar broncas em testemunhas do processo que apura a trama golpista. Os novos embates foram registrados nesta quarta-feira 28.
O primeiro entrevero aconteceu no início da sessão, quando Antonio Ramiro Lourenzo, que foi secretário executivo no Ministério da Justiça, prestava depoimento. Ele decidiu questionar a premissa da investigação e disse que só escutava o termo ‘golpe’ sendo usado pela imprensa. “Acho que não teve nada nesse sentido de golpe”, declarou.
Moraes, então, interrompeu o ex-secretário e disparou a primeira bronca do dia: “Se o senhor acha ou não que houve golpe, isso não é importante para a Corte. Se atenha somente aos fatos”, afirmou.
O segundo episódio também foi desconcertante. Dessa vez, porém, Moraes adotou um tom mais irônico. A declaração do ministro se deu durante o depoimento de Rosivan Correia de Souza, servidor da Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal.
Na oitiva, a testemunha tentou relativizar a influência de Anderson Torres, secretário de Segurança Pública do DF no 8 de Janeiro, no comando das operações policiais.
Segundo a versão do servidor, quando Torres chefiava a pasta em 2023, o Comando-Geral da Polícia Militar não estaria sob autoridade direta da Secretaria — apenas “vinculado”, mas não “subordinado”.
O procurador-geral Paulo Gonet, porém, questionou se não existia hierarquia entre as instituições. Os advogados de Torres entraram na discussão, sustentando que o organograma oficial do governo do DF respaldava a versão da testemunha.
Moraes então decidiu encerrar o debate: “Eu fui secretário de Segurança. Há relação de total subordinação. O secretário de Segurança comanda a Polícia Militar e a Polícia Civil”, afirmou, baseando-se em sua própria experiência no cargo.
Rosivan, porém manteve sua posição, alegando que no DF a relação seria apenas administrativa, sem subordinação hierárquica real. Moraes, diante da insistência, disparou: “O secretário de Segurança é uma rainha da Inglaterra aqui?”.