Acontece neste sábado (26) o funeral do papa Francisco. Após o enterro, as atenções da Igreja Católica estarão voltadas para o conclave papal, a eleição que definirá qual será o próximo representante máximo.
Ainda não se sabe a data exata de início, porém ela sempre ocorre entre 15 e 20 dias após a morte do papa. Ou seja, será entre 6 e 11 de maio seu início.
Há uma grande tensão no ar também para qual será a linha do novo pontífice, ainda mais após um período de 12 anos de um papado mais progressista com o argentino. Especialistas acreditam que pode ocorrer uma inversão e se abrir caminho para um mais conservador.
Para entender mais como isso poderá ocorrer, é preciso ver os países que terão mais representantes no conclave. Dos 252 cardeais da Igreja Católica, apenas 135 poderão votar e serem votados por causa da obrigatoriedade de terem menos de 80 anos. Desse total, 108 (80%) foram escolhidos por Francisco – mas nem todos tem sua mesma doutrina de pensamento.
O país com mais peso nas decisões será a Itália, que possui 17 cardeais aptos a participar do conclave. Em seguida aparece os Estados Unidos, com 10 e o Brasil na terceira posição com sete. Ou seja, esses serão os países com maior possibilidade de mudarem os rumos da eleição.
Veja os países com mais representantes:
- Itália – 17 cardeais;
- Estados Unidos – 10 cardeais;
- Brasil – 7 cardeais;
- Espanha e França – 5 cardeais;
- Polônia, Portugal, Canadá, Argentina e Índia – 4 cardeais;
- Reino Unido, Alemanha e Filipinas – 3 cardeais;
- Suíça, México, Japão e Costa do Marfim – 2 cardeais;
- Malta, Bélgica, Bósnia e Herzegovina, Croácia, Suécia, Hungria, Países Baixos, Sérvia, Luxemburgo, Lituânia, Ucrânia, Guatemala, Cuba, Nicarágua, Haiti, Chile, Peru, Paraguai, Equador, Colômbia, Indonésia, Mongólia, Timor-Leste, Irã, Israel, Hong Kong, Singapura, Coreia do Sul, Malásia, Tailândia, Mianmar, Iraque, Sri Lanka, Paquistão, Nigéria, Argélia, Tanzânia, Burkina Fasso, Gana, Guiné, Quênia, Etiópia, Cabo Verde, Marrocos, Madagascar, África do Sul, Ruanda, República Democrática do Congo, Sudão, República Centro-Africana, Nova Zelândia, Tonga e Papua-Nova Guiné – 1 cardeal.
Em relação aos continentes, a Europa domina, com 53 cardeais. Em seguida aparece a Ásia, com 23 elegíveis. Isso representa que apenas os dois continentes possuem mais da metade dos votantes no próximo conclave.
Veja a lista completa dos continentes e de seus representantes:
- Europa: 53
- Ásia: 23
- África: 18
- América do Sul: 17
- América do Norte: 16
- América Central: 4
- Oceania: 4
Quem são os cardeais brasileiros?
Cardeais brasileiros que participarão do conclave para eleger um novo papa. Da esquerda para a direita, cardeais Dom Paulo Cezar Costa, João Braz de Aviz, Odilo Pedro Scherer, Jaime Spengler, Sérgio da Rocha, Orani João Tempesta e Leonardo Steiner — Foto: Reprodução
Os sete cardeais brasileiros que participarão do conclave, que ainda será marcado, já estão em Roma. Eles chegaram antecipadamente para participar também do funeral do papa Francisco, marcado para este sábado (26).
Seis tinham chegado nos últimos dias. O último pousou neta sexta-feira (25). Foi o arcebispo de Brasília, Paulo Cezar Costa.
- Cardeal Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília;
- Cardeal João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília;
- Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo;
- Cardeal Jaime Spengler, de Porto Alegre, atual presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB);
- Cardeal Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador;
- Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro;
- Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus.
Desses, apenas Odilo Pedro Scherer já participou da votação para eleição do novo papa anteriormente, justamente na de 2013, quando Francisco foi escolhido. Todos os outros estarão pela primeira vez.
Como acontece a votação?
Um cardeal precisa receber dois terços dos votos para ser eleito. As indicações, secretas, são queimadas após a contagem.
Até quatro votações podem ser feitas por dia, sendo duas pela manhã e outras duas à tarde. Se, depois do terceiro dia de conclave, a Igreja ainda não tiver o novo Papa, começa uma pausa de 24 horas para orações. Outra, por igual período, também pode ser convocada se houver mais sete votações sem um eleito.
Já quando a indicação do novo pontífice é fechada, a Igreja, então, questiona formalmente se ele aceita o cargo. Se o religioso aceitar, deve escolher um novo nome. Na sequência, é levado para o ambiente chamado de ‘Sala das Lágrimas’, no qual traja as vestes papais.
No final do processo, o novo Bispo de Roma é anunciado aos fiéis na Praça de São Pedro e apresentado na sacada da Basílica. É de lá que é proclamada a frase: ‘Habemus Papam’.
O que é a ‘Sé Vacante’?
Com a morte do Papa Francisco, a Igreja Católica passa pelo período chamado de ‘Sé vacante’, fase em que fica sem um líder e quando o clero se reúne para a escolha do novo pontífice. A expressão Sé Vacante vem do latim e significa ‘Trono Vazio’. Neste período, o governo da Igreja Católica fica a cargo do carmelongo, que administra os bens e o Tesouro do Vaticano.
O ocupante do posto também tem a responsabilidade de organizar o Conclave, a eleição para escolha do substituto, que, pelas normas católicas, precisa começar em até 20 dias após a morte do Papa.
O nome da votação também tem origem no latim e quer dizer “fechado à chave”. Durante os dias do conclave, cardeais elegíveis do mundo todo ficam fechados no Vaticano, em um juramento de segredo absoluto sobre o procedimento.
No momento, o carmelongo é o cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell.
Durante seu governo, é o Colégio dos Cardeais que precisa discutir os assuntos mais urgentes da Igreja Católica.
O grupo não pode fazer mudanças profundas na Igreja ao longo da Sé Vacante, como alterar as leis determinadas pelos papas, por exemplo. Mas, tem como uma das primeiras determinações estabelecer o dia, a hora e o modo como o corpo do pontífice será levado à Basílica de São Pedro para ser exposto aos fiéis.