Na manhã seguinte à divulgação da Medida Provisória com as propostas de ajuste fiscal para compensar o recuo do governo em relação ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender as alternativas elaboradas pelas Fazenda. Em conversa com jornalistas na porta do ministério, ele desafiou os críticos da proposta a participarem de um debate público, em especial os representantes dos bancos e do setor de bets, principais atingidos pelas novas medidas.
“Quem quer defender banco, tudo bem, mas venha a público”, disse o ministro. “Eu gostaria de participar de um debate com lobista de banco; vamos discutir publicamente. Tenho certeza que eles não vão conseguir demonstrar prejuízo nenhum.”
Haddad propôs que seja realizada uma audiência pública para discutir os efeitos das medidas, tanto com o setor financeiro quanto com as empresas de apostas. Ele voltou a afirmar que a MP busca corrigir distorções históricas no sistema tributário, e que não há medida “injusta do ponto de vista econômico”.
A MP do ajuste fiscal publicada na noite de ontem não trouxe novidades. Mantém propostas já antecipadas por Haddad, como a taxação das LCIs, LCAs, fundos exclusivos e investimentos de bets. A medida, no entanto, foi recebida com forte resistência do Congresso e críticas do setor financeiro e do agronegócio.
Em meio à repercussão negativa no Congresso, o ministro afirmou que está disposto ao diálogo com parlamentares e com os setores afetados. “Vamos fazer reuniões prévias, quantas forem necessárias”, garantiu. Sobre a tensão na Câmara ontem, Haddad reagiu: “Xingar e sair correndo é coisa de moleque”.
Ao comentar as reações do agronegócio à taxação futura das LCIs e LCAs, Haddad rebateu as críticas dizendo que o setor “nunca cresceu tanto como agora” e afirmou que, se os representantes do agro se reunirem com a Fazenda, “vão mudar de opinião”. Ele também defendeu que a construção civil vive “um dos melhores momentos dos últimos anos” e classificou como “desleal” os ataques ao governo por causa da alíquota de 5% sobre novos papéis isentos, que só valerá a partir de janeiro de 2026.
Segundo o ministro, praticamente todas as mudanças têm aplicação futura por respeito ao princípio da anualidade. Ainda assim, reconheceu que, para terem efeito no orçamento de 2026, as medidas precisam ser votadas até o fim de 2025. Ele admitiu a possibilidade de atrasos diante das resistências políticas, mas disse que sua equipe está pronta para esclarecer os pontos do texto.