Levava uma vida de ostentação no alto do morro. “Professor” reformou sua casa no Complexo do Alemão, construiu piscina, hidromassagem e um centro cirúrgico. Com apoio de médicos cooptados, fez lipoaspiração, implante capilar e retirou um projétil da cabeça.
Para manter o domínio local, investia em ações assistenciais. Distribuía brinquedos, pagava consultas e remédios para moradores e bancava bailes funk e shows de pagode. Segundo a PF (Polícia Federal), as ações serviam para reforçar sua imagem de liderança e manter apoio da comunidade.
Era apontado como o responsável pela compra e transporte de armas e drogas para o Comando Vermelho. Interceptações da PF mostram que pagava propina a policiais, que até reclamavam dos valores. “Favela grande, só manda isso”, escreveu um PM a ele, segundo relatório da Polícia Federal.
“Professor” também estava envolvido com o tráfico internacional de armas. Ele foi um dos principais alvos da Operação Dakovo, que investigou um esquema bilionário de importação de 43 mil armas da Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia, com revenda a facções brasileiras. As armas passavam pelo Paraguai e tinham numeração raspada.
Ele mantinha interlocução direta com os intermediários da empresa responsável pelas armas. Segundo a Folha, seu principal contato era Angel Flecha, representante da IAS-PY, empresa ligada ao argentino Diego Hernan Dirísio, apontado como operador do esquema. A movimentação do grupo teria gerado cerca de R$ 1,2 bilhão.
Mesmo com mandados em aberto, ele não deixava a comunidade há anos. Segundo investigações, não saía da Fazendinha, no Complexo do Alemão, desde 2020. Comandava à distância, com articulações que envolviam conexões no Peru, Bolívia e Colômbia. Sua prisão era considerada de alto risco pela polícia fluminense.
*Com reportagens do UOL publicadas em 06/12/2023 e 04/05/2025; e da Folha, publicadas em 06/12/2023, 12/12/2023 e 15/01/2025.