Se seguir no ritmo atual, a parcela da população evangélica no Brasil, irá ultrapassar a de católicos em 2049, projeta o demógrafo José Eustáquio Alves, funcionário aposentado do IBGE e um dos principais estudiosos do processo de transição religiosa do país.
Anteriormente, Alves vinha trabalhando com a mudança no ano de 2032, levando-se em consideração que haveria um processo de aceleração da migração de uma religião para outra, uma vez que pesquisas de opinião dão conta de que os crentes já teriam rompido a barreira dos 30% e estudos acadêmicos afirmam que a abertura de novos templos evangélicos ocorre na proporção de 17 por dia.
Os fenômenos levaram o demógrafo a considerar que a média observada de queda de fieis do catolicismo e aumento dos protestantes seria mais intensa do que o observado desde 1990. O resultado do Censo de 2022, no entanto, fez com que Alves refizesse os cálculos, agora levando em conta apenas o desempenho das últimas décadas.
Atualmente, os evangélicos correspondem a 26,9% da população, 5,2 pontos percentuais a mais do que em 2010, quando eram 21,6% dos brasileiros. Embora significativo, o crescimento é menor do que o ocorrido entre 2000 e 2010 (6,5 pontos percentuais) e entre 1990 e 2000 (6,1 pontos percentuais).
Quanto ao processo de desaceleração, Alves considera que ele ocorre por conta da conjuntura política no país. Desde de 2018, tem-se observado um alinhamento praticamente automático dos evangélicos com o bolsonarismo, o que pode ter influenciados nas escolhas religiosas: “A identificação com pautas comportamentais e a polarização acabaram por afastar os fieis mais moderados das denominações. As pessoas vão para os cultos para ter conforto espiritual, não para falar de política”, aponta o demógrafo.