Os conflitos no Oriente Médio têm se intensificado ao longo dos anos, levando a um aumento significativo das tensões entre nações da região. Recentemente, uma nova escalada de hostilidades ocorreu, com Israel realizando ataques aéreos contra o Irã, destacando a fragilidade da paz entre esses dois países.
Na madrugada de sexta-feira (13), enquanto o Brasil ainda vivia a noite de quinta-feira (12), Israel efetuou uma série de bombardeios direcionados a instalações nucleares e militares iranianas. Os ataques resultaram na morte de figuras proeminentes, incluindo o comandante da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e o chefe das Forças Armadas do Irã, Mohammad Bagheri. Além disso, a agência Fars reportou que pelo menos 78 pessoas perderam a vida e 329 ficaram feridas durante as ofensivas. O governo iraniano classificou os ataques como uma “declaração de guerra” e prometeu represálias, advertindo que tanto Israel quanto os Estados Unidos “pagarão caro” por suas ações.
Essa situação levanta questões sobre o potencial bélico de ambos os países. O site Olhar Digital se propôs a examinar as capacidades militares de Irã e Israel em um cenário cada vez mais tenso.
Histórico do Conflito
Para entender o contexto atual entre Irã e Israel, é crucial retornar ao ano de 1948, quando foi proclamado o Estado de Israel. Naquela época, o Irã manifestou sua oposição ao plano de partilha da Palestina, que levou à criação do novo Estado judaico. Apesar das suas reservas iniciais, Teerã foi um dos primeiros países islâmicos a reconhecer Israel.
Após a independência israelense, ocorreram várias guerras envolvendo Israel e nações árabes nas décadas seguintes (1948, 1967 e 1973). Contudo, o Irã se distanciou desses conflitos devido aos seus interesses econômicos com Israel, especialmente em relação ao petróleo.
A relação bilateral começou a se deteriorar após a Revolução Iraniana de 1979, que resultou na derrubada do Xá Mohammad Reza Pahlavi e na ascensão do regime liderado pelo aiatolá Ruhollah Musavi Khomeini. Desde então, as divergências entre as duas nações se ampliaram.
O ataque recente de Israel visava desarticular o programa nuclear do Irã e destruir pontos estratégicos da infraestrutura militar iraniana. As autoridades israelenses acreditam que Teerã está próximo do desenvolvimento de armas nucleares, enquanto o governo iraniano insiste que seu programa nuclear é de natureza pacífica.
Poderio Militar Comparativo
No que diz respeito às capacidades militares, o Irã conta com cerca de 600 mil efetivos nas suas Forças Armadas Regulares (Artesh), que incluem Exército, Marinha — com unidades de fuzileiros navais — Defesa Antiaérea e Força Aérea. A Guarda Revolucionária Islâmica (Sepah) complementa essa estrutura com suas próprias forças terrestres, marítimas e aéreas.
Em contraste, dados da CIA indicam que Israel possui aproximadamente 170 mil militares ativos: 130 mil nas forças terrestres, 30 mil na Força Aérea e 10 mil na Marinha. De acordo com o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), Israel dispõe de cerca de 340 aeronaves militares, enquanto o Irã tem um total aproximado de 320 aeronaves.
No tocante aos tanques de guerra, informações do portal War Power revelam que Israel opera com cerca de 1.370 veículos blindados em comparação aos 1.996 tanques do Irã. Em termos orçamentários para defesa, Israel investe cerca de US$ 24 bilhões (aproximadamente R$ 135 bilhões), significativamente superior aos US$ 10 bilhões (R$ 55 bilhões) destinados pelo Irã.
Em relação ao armamento nuclear, embora Israel não confirme oficialmente possuir armas nucleares, estima-se que tenha cerca de 90 ogivas nucleares em seu arsenal; por outro lado, o Irã não possui nenhuma arma nuclear no momento, mas já dispõe de uma infraestrutura para o lançamento desse tipo de armamento e urânio enriquecido suficiente para potencialmente desenvolver armas nucleares no futuro.
Por fim, segundo o Global Fire Power — uma plataforma internacional que classifica anualmente as forças armadas globais — o Irã ocupa a 16ª posição entre as maiores potências militares do mundo, enquanto Israel se encontra ligeiramente à frente na 15ª posição.