O debate ficou ainda mais acentuado após a publicação de um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) anteontem. Na peça, o parlamentar ressalta as suspeitas sobre o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto, indicado pelo governo Lula (PT), mas não menciona que o esquema existe pelo menos desde 2019, durante a gestão Bolsonaro.
No Congresso, petistas e base já começaram a preparar um dossiê sobre o esquema durante os governos anteriores. Além de rebater oposicionistas na tribuna, este documento serviria como um argumento interno de que a comissão poderia ser usada no aprofundamento das investigações.
O assunto foi levado ao Planalto de novo ontem à tarde, que até então está refratário. Em reunião nesta semana, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, já havia indicado a lideranças da base que o presidente Lula não quer nem saber do assunto, para que tudo seja resolvido pelos órgãos de investigação. Ela pediu que os esforços fossem voltados a pautas propositivas (e positivas), como a isenção do Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5.000 mensais.
Gleisi voltou a indicar que o Planalto prefere que o caso fique no âmbito das investigações, não no político. “É com o aprofundamento das investigações, que já estão sendo feitas pela Polícia Federal e pela CGU [Controladoria-Geral da União], que vamos encontrar as origens e os responsáveis por esse ataque aos aposentados”, publicou a ministra em suas redes sociais.
Oficialmente, o governo tem dito que está fazendo sua parte. Ao falar do assunto, membros lembram que a fraude foi desarticulada pela Polícia Federal e pela CGU indicadas por Lula e que a investigação prossegue com independência.
No Planalto, diz-se ainda que, por mais que a oposição tente, a crise ainda não chegou a Lula. Na avaliação de auxiliares, o impacto negativo para o governo está no dano financeiro, mas a narrativa de corrupção, que tanto sondou os mandatos anteriores, ainda não colou —e uma CPMI poderia dar chance a isso.