O prefeito de São Vicente (SP), Kayo Amado (Podemos), teve o voo para Tel-Aviv, em Israel, cancelado na madrugada de quinta-feira, 12, horas antes de o país atacar o Irã e os aeroportos serem fechados. Em comunicado nas redes sociais, o prefeito prestou solidariedade aos que vivem na região e afirmou que o cancelamento da viagem foi “um livramento de Deus”.
O prefeito de São Vicente (SP), Kayo Amado (Podemos), teve o voo para Tel-Aviv, em Israel, cancelado na madrugada de quinta-feira, 12, horas antes de o país atacar o Irã e os aeroportos serem fechados
Foto: @kayoamado via Instagram / Estadão
Kayo Amado estaria acompanhando o vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), entre os dias 12 e 20 de junho, na comitiva oficial do Estado para visitar instituições governamentais, fábricas e empresas israelenses. No domingo, 8, prefeitos brasileiros já haviam embarcado para o país, a convite do governo local, para conhecer modelos de segurança pública e inovações tecnológicas.
“Aos familiares e amigos, em primeiro lugar, estou bem e ainda não tinha chegado a Israel. Um livramento de Deus, dada toda essa situação”, diz o prefeito, que recebeu a notícia do bombardeio horas antes de fazer a última conexão para Tel-Aviv.
“O vice-governador acaba de nos informar, obviamente, que a missão foi cancelada”, informou Kayo por meio de uma publicação no Instagram.
Nas redes sociais, o prefeito acrescentou que adquiriu uma passagem para retornar ao Brasil a partir de Barcelona, na Espanha, com embarque previsto para a noite, no horário local. Por conta do ocorrido, ele destacou que deve passar quase 48 horas longe de casa. “O que eu mais quero é voltar pra minha casa”, afirmou.
“Você sai de casa de um jeito, com uma mentalidade: vou entregar o meu melhor, vou trabalhar, pra trazer coisa boa para a cidade. De repente, você volta pra casa falando: meu Deus, desviei de algo que não dá nem para imaginar, que está fora da nossa realidade. É um misto, a cabeça está a milhão”, disse Kayo Amado.
O vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth, viajava com outros prefeitos paulistas, e informou à Rede Vanguarda que ficou sabendo dos ataques duas horas antes de desembarcar em Paris.
“Tivemos que conseguir um hotel aqui para passar a noite e ainda não temos a previsão da volta”, completou o vice-governador.
Prefeitos abrigados em bunkers em Israel
Uma comitiva de prefeitos brasileiros viajou a Israel no domingo a convite do governo local, para o evento de inovação em segurança pública e precisou se abrigar em bunkers devido aos ataques israelenses contra o Irã. A ação militar começou na noite de quinta-feira, 12 (horário do Brasil), e continuou nesta sexta-feira, 13.
Entre os representantes de cidades brasileiras no país no Oriente Médio, estão Álvaro Damião (União), prefeito de Belo Horizonte (MG); Cícero Lucena (PP), prefeito de João Pessoa (PB); Claudia Lira (Avante), vice-prefeita de Goiânia (GO); Johnny Maycon (PL), prefeito de Nova Friburgo (RJ); Nélio Aguiar, ex-prefeito de Santarém (PA); Welberth Rezende (Cidadania), prefeito de Macaé (RJ); e Vanderlei Pelizer (PL), vice-prefeito de Uberlândia (MG).
O prefeito de Belo Horizonte relatou ter sido acordado na madrugada de quinta-feira por sirenes que alertavam a população a buscar abrigo diante da ameaça de ataques aéreos.
“O prefeito de João Pessoa, na Paraíba, está aqui, está o prefeito de Macaé (RJ), está o prefeito de Nova Friburgo (RJ), tem representantes aqui de municípios do Paraguai, do Uruguai, da Argentina, da Colômbia, do Panamá”, afirmou o Álvaro Damião à Rádio Itatiaia.
Cícero Lucena afirmou em suas redes sociais que precisou se proteger em um abrigo universitário. O prefeito de João Pessoa disse que está em contato com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que já acionou o Itamaraty para antecipar seu retorno ao Brasil.
“O espaço aéreo está fechado e já tivemos contato com a embaixada sobre a possibilidade de antecipar o retorno, mas vamos ver como isso é possível”, disse o prefeito paraibano.
Motta afirmou na manhã desta sexta-feira que está em contato com o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) para “garantir a segurança e o retorno de todos os que estão em Israel“. O Estadão procurou o Itamaraty para saber quando está previsto o retorno dos brasileiros, mas não obteve retorno.
Israel bombardeira o Irã, que revida
Israel bombardeou diversos alvos no Irã, na madrugada desta sexta-feira (horário local, noite de quinta-feira no Brasil), no que chamou de “ataques preventivos” em meio ao acirramento das tensões no Oriente Médio. O governo israelense alertou sua população para o risco iminente de uma retaliação com “mísseis e drones” vindos do território iraniano, o que de fato aconteceu, com explosões em Tel Aviv e Jerusalém.
Segundo o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, o alvo da operação intitulada “Nação de Leões” foi o programa nuclear do Irã, em uma “operação militar direcionada para reverter a ameaça iraniana à própria sobrevivência de Israel”.
De acordo com a mídia estatal, o ataque resultou na morte dos dois mais altos líderes militares do Irã: o comandante das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, e o comandante da Guarda Revolucionária, Hossein Salami. O general Gholamali Rashid, vice-comandante das Forças Armadas, também foi morto.
As explosões foram ouvidas na capital iraniana, Teerã. Outros bombardeios aconteceram nas cidades de Tabriz, Isfahan, Kermanshah, Arak e Natanz. Em Trabiz e Natanz, os ataques foram dirigidos contra instalações nucleares.