PM justificou ter recebido a informação de que criminosos se preparavam para atacar facções rivais na comunidade e, por isso, intervieram. A favela, que é vizinha à sede do Bope, estava cheia e a festa junina que era realizada no local recebia moradores e pessoas outras regiões da cidade, incluindo homens, mulheres, idosos e crianças.
Segundo a PM, os policiais foram recebidos a tiros e que não revidaram aos ataques rapidamente. Ao avançarem na favela, ainda conforme a versão da polícia, houve um segundo confronto. Vídeos que repercutiram nas redes sociais durante o final de semana mostram esse ponto: crianças e adolescentes que dançavam músicas tradicionais de festa junina começaram a correr quando ouviram tiros se aproximando.
O comandante da corporação, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, disse que “os responsáveis pela operação não observaram os protocolos e procedimentos operacionais da corporação”. Em entrevista para a TV Globo na manhã de hoje, ele explicou que existem três requisitos para operações emergenciais: a avaliação de risco e que tipo de impacto a ação vai causar no local; o princípio da oportunidade, que prevê o dia, o horário e está havendo algum evento no local; e a preservação das vidas.
Fim de semana de protestos
Herus foi enterrado ontem no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul. A mãe do jovem, Mônica Guimarães, afirmou no local: “vou ter que deixar meu filho aqui. Tiraram a vida dele. Não deixaram a gente socorrer ele. Ficaram rindo, debochando enquanto ele estava caído no chão. Meu filho foi arrastado, está todo arranhado. Não vou mais ouvir a voz dele, não vou mais receber uma mensagem. Ele não deveria estar aqui.”
Flamenguista, Herus era office boy em uma imobiliária da cidade e pai de um menino de dois anos. Ele estava na festa junina com familiares e outros moradores, próximo à casa da avó materna, que mora ali. Baleado no abdômen, foi socorrido ao Hospital Glória D’Or, perto do morro Santo Amaro, mas não resistiu aos ferimentos. Horas depois, no fim da manhã de sábado, familiares, moradores e pessoas ligadas à defesa dos Direitos Humanos, foram até a frente da 9ª DP (Delegacia de Polícia), no Catete, se manifestar contra a operação do Bope, pedir explicações e pedir justiça para Herus.