Embora reconheça uma escalada de violência ocasionada por uma aparente disputa de poder entre criminosos, a Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG) garante que mantém pleno controle do Taquaril, região leste de Belo Horizonte, e anuncia operações que resultaram na prisão de dois criminosos na sexta-feira (2) — incluindo um homem supostamente envolvido com uma organização criminosa e outro que já figurou na lista dos 10 mais procurados do Estado.
As informações foram detalhadas pelo capitão Breno Sales, comandante da 128ª Companhia do 22º Batalhão, durante coletiva de imprensa realizada na tarde deste sábado (3 de maio).
Na ocasião, o policial ainda ressaltou que nenhum serviço policial foi interrompido. “Não perdemos o território”, crava.
A fala vem em um contexto de turbulência e busca acalmar moradores alarmados por uma sequência de crimes violentos, incluindo execuções e trocas de tiros, que geraram especulações sobre uma guerra entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). A intensificação dos conflitos nas últimas semanas incluiu execuções, trocas de tiros e pichações com supostas ameaças entre as facções.
Sales, porém, assinala que não há evidências de que as disputas na região sejam, de fato, fruto de ramificações de disputas nacionalizadas. “Estamos diante de conflitos localizados, não de uma disputa generalizada”, insiste o comandante, destacando que a inteligência da PMMG vem monitorando, de perto, a situação no aglomerado.
Prisões
Os dois presos na sexta, detalha, estão ligados a recentes episódios de violência no território.
Um deles é acusado de participar da tentativa de tomada de um ponto de tráfico na quinta-feira (1º), que envolveu a ação de cinco homens armados, que teriam tentado dominar um ponto de tráfico, quando dois deles morreram em um tiroteio com a PM. Outros dois seguem foragidos.
A outra prisão, decorrente de uma ação coordenada entre a polícia, o Ministério Público e o Poder Judiciário, ocorreu após um homem, que já figurou entre os mais procurados de Minas, ameaçar um policial no exercício da função, revelando conhecimento detalhado sobre sua rotina. Ele ainda teria tentado controlar o trânsito na região, obrigando, por exemplo, que os carros só circulassem com vidros abertos.
“(A resposta ágil) mostra nossa capacidade de reação rápida”, comenta o capitão, citando que a parceria institucional garantiu que o mandado de prisão saísse em 10 dias.
Mais patrulhamento
Além das prisões, a partir deste sábado, a PMMG informa ter intensificado o patrulhamento no Taquaril, com foco em áreas críticas como a Ocupação Terra Nostra. O objetivo, segundo Sales, é “restaurar a sensação de segurança” e coibir novos crimes.
Momentos antes do início da coletiva, aliás, um outro assassinato, envolvendo um homem de 25 anos, foi registrado na região, mas, segundo apurações iniciais, o crime não tem relação com essa disputa entre criminosos que atemoriza os moradores.
Fake news geram pânico desnecessário
Na coletiva de imprensa, o capitão Breno Sales criticou a disseminação de rumores sobre “toques de recolher”, domínio de facções ou uma suposta “guerra nacional” entre PCC e CV no Taquaril: “São narrativas que não correspondem à realidade e atrapalham”. De acordo com Sales, apesar dos conflitos recentes, a inteligência da PM não identificou movimentos de larga escala para dominar a região.
“Não há evidências de que o CV ou o PCC estejam tentando tomar o controle do Taquaril de forma organizada”, defende. “Os crimes que ocorreram são localizados e envolvem disputas pontuais, não uma estratégia de facções”, complementa, destacando que o batalhão tem contado com a colaboração da comunidade para a elucidação dos crimes por meio de denúncias, que foram fundamentais para as prisões realizadas na sexta-feira.
Alex Bessas
Repórter de conteúdo multiplataforma de cultura, entretenimento e comportamento.