A denúncia descreveu em todos os detalhes os fatos que tiveram início ainda em meados de novembro, com a reunião na residência do general Braga Netto para o planejamento das ações de neutralização de autoridades. A partir daí se viu a compra de celulares, a anonimização dos participantes, o monitoramento das autoridades que seriam eventualmente neutralizadas, presas, enfim, até o dia 15 de dezembro, data marcada para execução da medida das ações. O evento somente não se realizou porque o então presidente, não obtendo o apoio do comando do Exército da Aeronáutica, desistiu no último momento.
Cláudia Sampaio Marques, subprocuradora-geral da República, durante julgamento na Primeira Turma
A subprocuradora disse que o plano assassino tinha como objetivo criar um “fato de grande impacto social” para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas eleições de 2022. “Previram que para criar o clima necessário a esse conjunto de ações, a assinatura do decreto, a instalação do gabinete de crise, enfim, do golpe de Estado, era necessário que acontecesse um fato que causasse um grande impacto social, uma situação de caos que mobilizasse as massas no sentido de apoiar o golpe”, leu ela. “A ideia era realizar o sequestro, a prisão e até mesmo a morte de autoridades que desempenhavam papéis relevantes na estrutura do Estado, entre eles o presidente eleito e o seu vice.”
Policial federal integrante desse núcleo é o que disse em áudio que o plano era “matar meio mundo”. Wladimir Matos Soares, preso preventivamente desde novembro passado, enviou áudios em que diz fazer parte de um núcleo armado pronto para “tomar tudo”. Os áudios, porém, não fazem parte desta etapa do processo.
Quem faz parte do núcleo 3?
- coronel Bernardo Romão Correa Netto;
- o coronel da reserva Cleverson Ney Magalhães;
- general da reserva Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira;
- coronel Fabrício Moreira de Bastos;
- tenente-coronel Hélio Ferreira Lima;
- coronel Márcio Nunes de Resende Júnior; general Nilton Diniz Rodrigues;
- tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira; tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo;
- tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior;
- tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros e
- agente da Polícia Federal Wladimir Matos Soares.
Denúncia sobre a tentativa de golpe de Estado foi fatiada em cinco partes. A PGR denunciou 34 pessoas, divididas em cinco núcleos conforme as participações.