Operação desta sexta apura ‘eventuais privilégios ilegais concedidos a um dos investigados atualmente preso’ no âmbito das investigações
Cidades|Rafaela Soares, do R7, e Natália Martins, da RECORD, em Brasília
Em nova fase da Operação Sisamnes, que investiga um suposto grupo de matadores de aluguel e um possível esquema de venda de sentenças judiciais, a Polícia Federal apura um vazamento de informações sobre ações policiais da operação — o que poderia comprometer a eficácia das medidas judiciais a serem implementadas.
Segundo apuração da RECORD, um dos alvos desta sexta-feira (30) teria repassado informações a um dos advogados presos em março.
Por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), estão sendo cumpridos três mandados de busca e apreensão em Palmas (TO), além de uma ordem que proíbe dois alvos de manterem contato entre si e de deixarem o país — com recolhimento de seus passaportes.
Os casos
As investigações se dividem em dois núcleos principais:
- O primeiro apura a existência de um grupo de matadores de aluguel, autodenominado “Caça-Comunistas”;
- O segundo, um suposto esquema de venda de sentenças judiciais.
‘Caça-Comunistas’
A apuração começou após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em 2023. Segundo os investigadores, o grupo se identificava como C4: Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos, e mantinha uma tabela de preços para os assassinatos.
Os valores variavam de R$ 50 mil, para “figuras comuns”, até R$ 250 mil no caso de ministros do Judiciário.
Ainda de acordo com autoridades locais, Zampieri foi morto em Cuiabá (MT) por conta de uma disputa por terras no estado. O principal suspeito de ser o mandante do crime é o fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo, que teria desconfiado de uma aproximação entre o advogado e o desembargador responsável pelo processo.
Zampieri representava a parte contrária ao suposto mandante na disputa judicial pelas terras. Conforme os investigadores, a família dos acusados ocupava o terreno — localizado em Paranatinga (MT), a 411 km da capital — há mais de 20 anos.
A PF afirma que o produtor rural decidiu executar o advogado ao perceber que perderia a causa. Outras três pessoas foram indiciadas pelo crime: o executor, o intermediário e o financiador.
Venda de sentenças
A segunda frente da investigação teve início após a análise dos dados encontrados no celular de Zampieri. Segundo apuração da Record, mensagens comprometedoras foram localizadas no aparelho da vítima.
Posteriormente, o juiz do TJMT (Tribunal de Justiça de Mato Grosso), Wladymir Perri, determinou o confisco do conteúdo extraído pela Polícia Civil e colocou o processo sob sigilo.
Com receio de descarte de provas, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) determinou que a polícia acompanhasse a extração das cópias do material apreendido, garantindo a preservação das evidências e o envio à Corregedoria. O órgão também ordenou que nada fosse descartado.
Nesta quarta-feira, o STF autorizou o cumprimento de três mandados de busca e apreensão no estado, além da ordem de afastamento de um magistrado de suas funções públicas e da proibição de deixar o país, com recolhimento do passaporte.
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