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Pesquisa mostra que crença evangélica é a religião das periferias, diz especialista | Brasil

“Isso é simplesmente ilustrativo de que a religião evangélica é a religião das periferias.” A afirmação do antropólogo e historiador Juliano Spyer, especialista no estudo do cristianismo evangélico, joga luz sobre um dos dados que mas chamaram a atenção na divulgação da pesquisa “Censo Demográfico 2022: Religiões: Resultados preliminares da amostra”, divulgada na sexta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): 61,1% dos 47,4 milhões de evangélicos do país se declararam pretos ou pardos.

No total de evangélicos de 10 anos ou mais de idade, 12% se declararam pretos, o equivalente a 5,7 milhões; e 49,1% se declararam pardos, um grupo de 23,3 milhões. Na população brasileira, pretos e pardos também são maioria, mas com participação menor, de 55,6%.

As parcelas de pretos e de pardos no total de evangélicos também foram maiores do que as observadas, para essas mesmas duas raças entre os que se declararam católicos – de 9,3% e de 44%, respectivamente.

“[A periferia é] O lugar onde tem pessoas empobrecidas e que são desvinculadas das relações sociais daquele espaço. Elas encontram dentro das igrejas esse ganho de vínculos, de relações de confiança, de laços de solidariedade”, ressalta Spyer. “É esse espaço que é predominantemente preto e pardo.”

Spyer cita o também antropólogo Gilberto Velho (1945-2012) e lembra que o colega dizia que o principal fenômeno social do Brasil no Século XX foi a migração massiva que encheu as cidades brasileiras em prazo muito curto e deu margem para a emergência de fenômenos novos como o cristianismo evangélico.

“Você tem mais pretos e pardos na igreja evangélica porque você tem mais pretos e pardos na periferia, que é esse espaço onde a religião evangélica, de fato, começa a crescer de uma maneira bem acelerada”, ressalta.

Mas o especialista também lamenta a não divulgação do detalhamento dos dados dos grupos religiosos no país por denominação pelo Censo Demográfico 2022. Essa abertura de dados, que ocorreu nos censos anteriores, ainda não está garantida pelo IBGE, que ainda está tentando desagregar alguns desses dados.

“Eu estou me sentindo bastante frustrado”, resume Spyer, que destaca a quantidade de informações que poderiam estar disponíveis para análises “dentro da academia, na sociologia, na geografia”. “As pessoas contam com esses dados para refletir sobre o país. Então é uma coisa que a gente lamenta muito.”

Um exemplo da falta dos dados desagregados está no entendimento justamente da dispersão dos evangélicos entre diferentes igrejas. “Um aspecto importante do campo evangélico hoje é o quanto ele vem se fragmentando”, pondera.

Spyer destaca que, no início do século passado, havia um punhado de igrejas protestantes no país, como a Batista, a Luterana e a Metodista. Hoje, explica, há um surgimento cada vez mais acelerado de igrejas, principalmente pentecostais, de bairro e pequenas. “O que sugere que esse é um campo que está ficando muito fraturado. Ou seja, esse crescimento do movimento evangélico é um crescimento que não é monolítico”, afirma. “É um grupo expressivo, mas que é também muito diverso.”

Em 2010, o IBGE divulgou os dados desagregados. Na época, 60% dos evangélicos do país eram de origem pentecostal, enquanto 18,2% pertenciam a igrejas evangélicas de missão. O restante era de igrejas evangélicas não determinadas ou outras religiosidades cristãs. Entre as igrejas de origem pentecostal, a mais numerosa era a Assembleia de Deus, com 29,1% dos evangélicos; seguida pela Congregação Cristã do Brasil, com 5,4% dos evangélicos. A Universal do Reino de Deus respondia por 4,4% dos fiéis evangélicos do Brasil em 2010. Entre as igrejas evangélicas de missão, a Batista era a mais numerosa, com 8,8% dos evangélicos, seguida pela Adventista, com 3,7% do total, e a Luterana, com 2,4%.

Spyer também evitou dar destaque à queda de ritmo do crescimento da população evangélica. Segundo ele, o dado é um indicativo importante, uma vez que ao menos por ora, esse processo está perdendo tração e aponta que o Brasil não está se tornando uma nação protestante. Mas, pondera, o crescimento da população evangélica segue “bastante intenso”. “É uma redução [no ritmo de crescimento dos evangélicos], mas é uma redução pequena.”

A pesquisa mostrou que a parcela de católicos na população brasileira era de 65% em 2010 e caiu para 56,7% em 2022, uma diferença de 8,3 pontos percentuais. Na passagem entre 2000 e 2010, a redução foi de nove pontos percentuais. Por outro lado, a participação dos evangélicos entre os habitantes de dez anos ou mais subiu de 21,7% em 2010 para 26,9% em 2022, ou 5,2 pontos percentuais a mais. Esse aumento tinha sido de 6,5 pontos percentuais na passagem entre 2000 e 2010.

— Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

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