A operação da Polícia Civil no Complexo de Israel, na Zona Norte, deixou ao menos quatro pessoas feridas nessa terça-feira. Vídeos feitos por passageiros e pedestres mostraram o desespero no local, com pessoas deitadas no asfalto, abaixadas próximo a muros e abrigadas em estações de ônibus. Em um deles, por exemplo, é possível ver usuários do BRT aglomerados no chão, e duas pessoas orando, pedindo proteção e calma a Deus.
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Passageiros em estação do BRT tentam se acalmar com oração durante tiroteio na Av. Brasil
“Envolva-me, Senhor”, disse uma moça repetidas vezes, elevando o tom de voz na mesma proporção do barulho dos tiros. Para acalmá-la, um passageiro pediu para que ela confiasse em Deus: “Confia no Papai do Céu que vai dar tudo certo. Ninguém vai ser alvejado em nome de Jesus. Se ficar nervoso, a pressão sobe, passa mal e não adianta nada, né?”
Ao menos quatro pessoas ficaram feridas durante a operação: Manoel Américo da Silva, na Avenida Brasil, Marcelo Silva Marques, na Linha Vermelha, Jerry Henrique, no Centro de Duque de Caxias, e João André dos Santos, nesse mesmo município.
Segundo a Polícia Civil, a operação teve como foco “tirar do anonimato” pessoas ligadas ao Terceiro Comando Puro, cujo representante no Complexo de Israel é Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão. Ele não foi alvo da operação dessa terça. Vinte pessoas ligadas à facção foram presas, e oito fuzis foram apreendidos.
Foram sete meses de investigações até a identificação de 44 traficantes sem mandados anteriores. As apurações, feitas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes, com apoio da Delegacia Antissequestro (DAS), da 22ª DP (Penha) e da 33ª DP (Realengo), revelou que o grupo de Peixão atua nas comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau.
De acordo com as investigações, a facção impõe seu domínio com o uso de barricadas, drones para monitoramento das forças de segurança, toque de recolher e monopólio de serviços públicos, além de promover intolerância religiosa.