O governo negociou, na última semana, o prazo de dez dias com o Congresso para apresentar alternativas à elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou com a imprensa, na manhã desta segunda-feira (2), e admitiu alterar de novo o imposto. Haddad falou em corrigir distorções em tributos dos bancos, mas disse que reformas estruturais ainda vão voltar para a mesa de negociações.
Em entrevista ao Conexão Record News, o economista Ricardo Buso explica que o governo enfrenta um cenário desafiador por precisar cumprir o arcabouço fiscal. Buso também ressalta que, apesar do anúncio do corte de gastos na casa dos R$ 30 bilhões, a boa notícia acabou ofuscada pelas novas regras do IOF.
Por ser um imposto regulatório e não arrecadatório, o economista acredita que a medida passou uma mensagem negativa para o público geral de que seria o último recurso possível para uma população saturada de impostos.
“A sociedade toda está muito resistente em corrigir problemas fiscais com mais receitas. Espera-se que o governo faça uma lição de casa de corte de gastos, que é isso que precisa”, comenta. Ele sugere reformas mais estruturantes, como a revisão dos R$ 800 bilhões em créditos tributários e dos gastos obrigatórios, que estão sufocando o orçamento público.
Ainda segundo o economista, as emendas parlamentares são outro ponto de atenção, já que muitas propostas acabam se distanciando de políticas públicas que poderiam ser benéficas e trazer resultados maiores. “A parte do Congresso, das emendas impositivas, a que ele tem direito cada vez maiores, que é usado como barganha, moeda de troca, é um desserviço para a sociedade”, conclui Buso.