A investigação que levou a operação da Polícia Civil desta terça-feira (03) contra lavagem de dinheiro da cúpula do Comando Vermelho descobriu que um operador do grupo terrorista Al-Qaeda procurado pelo FBI lavou dinheiro para a facção criminosa.
Segundo a polícia, Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim tem um histórico relevante no sistema financeiro informal vinculado ao Comando Vermelho. As investigações conduzidas pelas delegacias de Roubos e Furtos e de Repressão a Entorpecentes revelaram que Mohamed seria um dos suspeitos que atuam em um esquema de empresas, eventos e restaurantes de fachada.
Mohamed também é procurado pela Polícia Federal dos Estados Unidos, o FBI, por ser, supostamente, operador de valores para a Al-Qaeda. Os dados foram obtidos por meio de cooperação internacional.
A operação desta terça-feira (03) visa desarticular o núcleo financeiro do Comando Vermelho, responsável pela lavagem de mais de R$ 250 milhões. Segundo a polícia, os valores são oriundos do tráfico de drogas e da aquisição de armamentos de uso restrito, afirma a corporação. Os agentes cumprem mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Um dos alvos foi Viviane Noronha, mulher do MC Poze do Rodo.
A ação inclui ainda ordens de bloqueio e indisponibilidade de bens e valores de 35 contas bancárias. O esquema criminoso utilizava pessoas físicas e jurídicas para dissimular a origem ilícita dos valores, promovendo o reinvestimento em fuzis, cocaína e na consolidação do poder territorial da facção em diversas comunidades.
Segundo a Polícia Civil, a influenciadora digital é beneficiária direta dos recursos lavados pelo Comando Vermelho. As investigações apontam que o dinheiro foi transferido para contas bancárias ligadas à ela e à empresa dela, que passaram a ser um dos focos centrais do inquérito. A posição de Viviane na facção seria simbólica, porque representaria “o elo entre o tráfico e o universo do consumo digital”.
As investigações identificaram Philip Gregório da Silva, o “Professor”, que morreu domingo (01), como uma das figuras centrais da lavagem de dinheiro no Comando Vermelho. Ele seria o responsável por eventos como o “Baile da Escolinha”, que funcionava como uma forma de arrecadar recursos para o tráfico de drogas e de armas. Um restaurante em frente ao local onde o evento é feito serviria, inclusive, para lavagem de dinheiro da facção.
Outra empresa investigada é uma produtora musical que seria a operadora da lavagem de dinheiro e organizaria bailes funk promovidos por integrantes da facção. As apurações revelaram que o responsável pela firma e a própria empresa aparecem como destinatários diretos de recursos do Comando Vermelho.
Entre os remetentes identificados nas análises financeiras, estão um segurança pessoal do traficante Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, chefe da facção nos Complexos do Alemão e da Penha.