A combinação de uma massa de ar polar intensa e a atuação de um ciclone extratropical deve aumentar a chance de neve no Rio Grande do Sul entre esta quarta (28) e quinta-feira (29), segundo meteorologistas. O fenômeno é mais provável de ocorrer na serra gaúcha, onde as condições atmosféricas tendem a ser mais favoráveis.
Segundo Daniel Caetano, meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a ocorrência de neve exige dois fatores principais: umidade elevada e atmosfera muito fria, com temperaturas abaixo de 0°C nas camadas de ar acima da superfície. Essa combinação permite a formação de nuvens com cristais de gelo, que podem cair em forma de flocos.
Para ocorrer neve
A previsão para os próximos dias indica a chegada de uma forte massa de ar polar ao Estado, o que provocará queda acentuada nas temperaturas. Esse ar frio vem acompanhado de umidade suficiente para gerar instabilidade, o que pode criar o ambiente propício para a formação de neve ou até chuva congelada.
Conforme o meteorologista, a ocorrência desses fenômenos no Estado é rara devido às condições específicas necessárias para que se manifestem.
— A neve ou chuva congelada acontece em situações muito específicas, por isso que aqui para o RS não é muito comum. Essas situações ocorrem quando há uma entrada muito rápida de ar frio sobre uma região onde já está chovendo. Normalmente, a massa de ar frio se estabelece quando o tempo está seco — explica Caetano.
Existe, sim, uma possibilidade real de nevar entre hoje e amanhã
DANIEL CAETANO, METEOROLOGISTA DA UFSM
O meteorologista destaca que o fenômeno é mais comum em regiões elevadas, onde as temperaturas naturalmente são mais baixas.
— A condição ideal é ar frio e umidade, com a temperatura próxima de 0°C. E é justamente o que temos agora: o ar frio vindo do Uruguai e umidade no Estado. Então, existe, sim, uma possibilidade real de nevar entre hoje e amanhã — afirma.
Mesmo com as condições favoráveis, Caetano ressalta que o fenômeno segue sendo atípico no Rio Grande do Sul.
— Não é um fenômeno comum para nós, por mais que tenhamos condições favoráveis — conclui.
Veja onde pode chover gelo ou nevar
Diferença entre neve, chuva congelante e chuva congelada
A maior chance de neve está nas regiões serranas do Rio Grande do Sul, segundo a Climatempo. As outras áreas citadas ficam mais propicias às precipitações invernais, como chuva congelada e chuva congelante.
Neve
A neve é formada por um aglomerado de cristais de gelo que se desenvolvem dentro de uma nuvem. Os flocos que se moldam chegam ao solo do mesmo modo em que caíram. É muito branca, mas com o passar das horas, vai virando um aglomerado de gelo na superfície e, aos poucos, derrete.
Chuva congelada
A chuva congelada acontece quando a neve que cai da nuvem passa por uma camada de ar mais quente, com temperatura acima de 0°C e, no meio do caminho, encontra uma camada de ar frio. Nesse processo, ela recongela antes de chegar na superfície, formando os pequenos aglomerados de gelo no chão.
Chuva congelante
Já a chuva congelante ocorre de forma normal. A precipitação cai líquida da nuvem, mas congela ao tocar a superfície fria.
Entenda a diferença
* Produção: Leonardo Martins e Carolina Dill
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