Jair Bolsonaro estará frente a frente com Alexandre de Moraes para ser ouvido no processo da trama golpista que tentou abolir o estado democrático no Brasil.
É um caso rumoroso, cheio de provas, mas disputado no campo das narrativas. Uma delas é a de que o ex-presidente é perseguido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal.
É aí que mora o perigo do encontro para um e para outro.
Réu no caso e considerado líder no “núcleo crucial” da tentativa de golpe apontada pelo procurador-geral da República Paulo Gonet, Bolsonaro manterá a narrativa de que não fez nada de inconstitucional.
Magistrado relator do caso que passou a ser mais contestado nos últimos meses, incluindo críticas da imprensa internacional, Moraes tentará não dar mais voz ou ecos aos exegetas.
Uma das questões que pairam tanto entre os advogados que defendem o ex-presidente e os servidores que assessoram o magistrado é a possibilidade de o líder da extrema-direita receber voz de prisão por desacato.
Isso cairia como uma bomba na capital, dominando a pauta do mês – e até do ano – caso aconteça nesta semana quando os acusados serão ouvidos.
O primeiro a depor será o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem que se transformou em delator de vários crimes, incluindo da trama golpista mais assustadora desde a redemocratização em 1985.
Bolsonaro será o sexto a ser ouvido, o que deve acontecer entre terça, 10, e quarta, 11, segundo previsões da própria corte, mas o desacato pode acontecer nesta segunda, 9, por exemplo, se ele não gostar de alguma declaração e interromper Mauro Cid.
O clima é de tensão de um lado e de outro.