Questionamentos feitos durante o depoimento do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, geraram momentos de tensão durante o primeiro dia de audiências de testemunhas do Núcleo 1 no julgamento sobre o suposto golpe de Estado que ocorre na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
O advogado de Anderson Torres, Eumar Novacki, questionava Freire Gomes sobre o conteúdo de documentos que teriam sido apresentado em reuniões sobre o suposto golpe. O general não confirmou se o documento que teria sido apresentado em uma reunião da qual fez parte era o mesmo que foi apresentado a ele durante seu depoimento à Polícia Federal.
“O conteúdo em termos gerais era muito parecido ou tinha termos idênticos”, disse Freire Gomes ao responder os questionamentos de Novacki. O general disse ainda que não saber quem teria sido o autor do documento e afirmou não ter tido acesso ao documento na íntegra, o qual teria sido somente apresentado, sem que cópias tivessem sido distribuídas.
Moraes interrompeu o advogado de Anderson Torres, alegando que ele teria feito a mesma pergunta por quatro vezes. “Não estávamos aqui para fazer circo. Não vou permitir que faça circo aqui no meu tribunal”, disse o ministro. Moraes ainda ameaçou cortar o microfone de Novacki se ele continuasse “tentando induzir” a testemunha.
VEJA TAMBÉM:
-
Moraes nega pedidos de Bolsonaro e Braga Netto para suspender depoimentos de testemunhas
Moraes questiona se Freire Gomes teria mentido
Outro momento ocorreu enquanto o procurador-geral da República, Paulo Gonet, questionava Freire Gomes sobre o posicionamento do almirante Almir Garnier dos Santos durante as reuniões para tratar do suposte golpe que ele teria presenciado. Freire Gomes afirmou que Garnier tinha se colocado “à disposição” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Gonet então questionou se isso incluía medidas fora da normalidade democrática, ao que Freire Gomes respondeu que não tinha como saber.
Na sequência, o ministro Alexandre de Moraes interferiu e pressionou Freire Gomes, alegando que ele estaria mentindo. “Se mentiu na polícia, tem que dizer que mentiu na polícia. Não pode agora dizer que não lembra. É general e foi comandante, está preparado para lidar com tensão. Solicito que antes de responder, pense bem. Ou falseou na polícia ou está falseando aqui”, disse Moraes.
Após a intervenção, Freire Gomes ponderou que não tinha como saber com que intenção ou em que medida Garnier estava se dispondo a colaborar com Bolsonaro.