O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta segunda-feira (9), não querer estar na audiência do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, mas disse estar “tranquilo”.
“Não, estou bem, estou tranquilo. Lógico que ninguém queria estar aqui. Lógico que eu não queria estar aqui. Quem quer ser réu aí?”, respondeu Bolsonaro em entrevista coletiva durante um dos intervalos da oitiva do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens.
O STF realiza, nesta segunda (9), os interrogatórios dos réus do chamado “núcleo crucial” da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022.
Além do ex-presidente e de Cid, serão ouvidos ao longo da semana outros seis réus:
- Alexandre Ramagem, deputado e ex-chefe da Abin;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- e Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa.
Ao chegar à Corte ainda pela manhã, Bolsonaro cumprimentou ministros e Mauro Cid, que tem um acordo de colaboração premiada firmado.
Eles dois estão lado a lado pela primeira vez desde acordo. Ainda na entrevista coletiva, o ex-chefe do Executivo disse que não iria comentar as declarações de Cid, e que não tinha problemas com ele.
“Não vou confrontar o Cid aqui. A gente vai ouvir e depois falar com vocês”, afirmou.
Dentre as falas, Mauro Cid negou ter visto incentivos por parte do ex-presidente para os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, além de afirmar nunca ter recebido ordens do mesmo para desmobilizar manifestantes em frente a áreas militares após a eleição de 2022.
Outra declaração proferida pelo tenente-coronel foi a de que teria avisado a Bolsonaro sobre a punição dos militares que assinaram carta de pressão aos comandantes das Forças Armadas:
“Mas depois que informei ao presidente sobre a carta que estava sendo feita, não houve nenhuma determinação ou nada para incentivar que essa carta fosse assinada. Até comentei com o presidente, avisei que os militares seriam punidos. […] Sinceramente, acho que o presidente só ficou olhando para mim, não comentou nada”, disse.