O secretário de Polícia Civil do RJ, Felipe Curi, chamou o cantor MC Poze do Rodo de um “falso artista” que usa de suas músicas para enaltecer o uso de armas de grosso calibre e o uso de drogas, além de fomentar guerras e disputas territoriais com facções criminosas rivais.
Poze, que foi preso, na madrugada desta quinta-feira (29), está sendo investigado por tráfico de drogas, associação ao tráfico e apologia ao crime. Segundo a Polícia, ele atuava para o Comando Vermelho como um instrumento de propaganda da organização criminosa, enaltecendo a cultura da facção. O secretário Felipe Curi disse que as músicas do cantor extrapolam qualquer tipo de manifestação cultural, artística ou de qualquer tipo de liberdade de expressão.
“O suposto MC que foi preso na data de hoje, ele transformou a música num instrumento de dominação, divulgação e disseminação da ideologia e da narcocultura da facção criminosa Comando Vermelho. Ele dissemina nas suas letras que o crime é uma necessidade social”.
O secretário também disse que a facção criminosa usa artistas e influenciadores digitais para disseminar a ideologia do crime, influenciar menores e atrair adolescentes.
“A gente vem percebendo que o crime organizado, principalmente as facções criminosas do tráfico de drogas, atuam em duas vertentes. Eles atuam na vertente do crime organizado propriamente dito, mas também eles atuam de um outro lado. Eles atuam do campo informacional. Eles têm cantores, MCs, influenciadores digitais, criando uma falsa narrativa de que a ação deles é que é o exemplo para a comunidade e fomentando narrativas anti-polícia”.
Segundo a Polícia, produtoras de shows vinculadas ao tráfico de drogas também são investigadas. Algumas gravadoras também são alvo de investigação. O secretário explicou que é apurado até que ponto as empresas estão exercendo papel de gravadora ou se fomentam a ideologia do crime.
O diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada, André Neves, explicou que uma das músicas de MC Poze do Rodo, lançada recentemente, incita a disputa territorial na Zona Oeste que teve como consequência a morte do policial da Core, João Pedro Marquini.
“Pega a última música que foi divulgada pelo MC Poze e analisa a letra do que ele fala. Vamos tomar Rodo, Antares, é CV, é CV. O exemplo trágico desse enaltecimento é o policial Marquine. Deixou três filhos, um excepcional policial de Força Operacional da Polícia Civil, treinamento na SWAT, referência internacional. Deixou uma família, três filhos chorando e esse mesmo MC, poucos dias atrás, enaltecendo essa guerra para a retomada da Zona Oeste. é CV, é CV, é CV”.
De acordo com as investigações, Poze realiza shows exclusivamente em áreas dominadas pelo Comando Vermelho, com a presença de traficantes armados com fuzis para garantir a “segurança” do artista e do evento.
A delegacia afirma que shows do Poze do Rodo são estrategicamente utilizados pela facção para aumentar os lucros com a venda de drogas, revertendo os recursos para a aquisição de armas de fogo e outros equipamentos necessários à prática de crimes.