Sebastião Ribeiro Salgado Júnior, nascido em Aimorés, Minas Gerais, em 8 de fevereiro de 1944, construiu uma trajetória impressionante como fotógrafo documental. Viajando por mais de 120 países, ele capturou com sua lente a essência humana mesmo nas situações mais adversas, como guerras, migrações e pobreza. Salgado faleceu em Paris, no dia 23 de maio de 2025, aos 81 anos, deixando um legado de imagens que eternizam a resiliência e a esperança.
Como um economista virou lenda da fotografia
Antes de se tornar um ícone mundial da fotografia, Salgado trilhou um caminho acadêmico na Economia. Criado nas vilas de Conceição do Capim e Expedicionário Alício, formou-se na Universidade Federal do Espírito Santo e continuou seus estudos na USP e na Universidade de Paris, onde completou mestrado e doutorado. Foi durante suas viagens profissionais que a fotografia emergiu como uma paixão arrebatadora, levando-o a mudar o rumo da sua carreira.
Do clique espontâneo à fama mundial
O início da carreira fotográfica de Salgado foi quase acidental. Enquanto trabalhava na Organização Internacional do Café, utilizou uma câmera Leica emprestada de sua esposa para registrar cenas na África. Em 1973, decidiu se dedicar exclusivamente à fotografia.
A trajetória ganhou força em 1979, ao ingressar na agência Magnum, onde participou de coberturas históricas como o atentado a Ronald Reagan. Esse trabalho abriu portas para financiar projetos autorais e resultou na publicação de seu primeiro livro, “Outras Américas”.
Principais passos dessa fase:
- Cobertura de eventos globais com impacto jornalístico e humano.
- Transição para projetos autorais com foco em questões sociais e culturais.
Obras que falam pela humanidade
Entre os anos 1986 e 1992, Salgado documentou o trabalho manual no mundo, originando o livro “Trabalhadores”. Posteriormente, “Êxodos” revelou o drama dos deslocamentos populacionais globais. Cada projeto de Salgado é marcado por um olhar sensível e impactante, revelando histórias de vidas invisíveis ao grande público.
Alguns de seus projetos mais notáveis incluem:
- “Trabalhadores” – um mergulho nas realidades laborais do mundo.
- “Êxodos” – um estudo visual sobre as migrações humanas.
- Exposição na ONU sobre crianças desalojadas em conflitos armados.
Salgado também fundou a agência “As Imagens da Amazônia” e atuou junto a organizações humanitárias em causas diversas.
Quando a lente se volta para a natureza
A consciência ambiental também teve lugar central em sua trajetória. Com sua esposa, Lélia Wanick Salgado, criou o Instituto Terra, um projeto inovador que visa recuperar a Mata Atlântica no Vale do Rio Doce. A iniciativa promove o reflorestamento e a educação ambiental, impactando positivamente diversas comunidades.
Este trabalho ecoa a visão de mundo de Salgado: uma união entre arte, humanidade e natureza. Ele via a fotografia não apenas como um ofício, mas como uma forma de provocar reflexão e inspirar transformação.
Um legado que ainda pulsa
Sebastião Salgado foi mais que um fotógrafo. Foi um narrador visual da condição humana, um ativista silencioso cujas imagens falam com intensidade. Seu legado transcende gerações e fronteiras, oferecendo ao mundo um convite para enxergar com mais empatia, mais respeito e mais cuidado com o planeta e com as pessoas.
Seus cliques não apenas eternizaram instantes. Eles mudaram percepções.