A expectativa entre analistas do mercado financeiro é de cautela enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se prepara para apresentar, na noite deste domingo, 8, o novo pacote de ajuste fiscal em reunião com líderes partidários no Congresso. A reunião deve acontecer na residência oficial do presidente da Câmara, Hugo Motta, a partir das 18h.
Para Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, o desafio central segue sendo fechar as contas no azul. “Tudo isso ainda é uma tentativa do governo tentar reagir a essa impopularidade que foi esse aumento do IOF. O mais importante disso tudo é ver se as contas vão conseguir ficar no azul ou não, então essa que é a preocupação de todo mundo e principalmente do governo também”, afirma Lopes. “A gente tem que ainda ver como isso vai se desenrolar.” No sábado, o presidente Lula se mostrou confiante sobre a aceitação das medidas. Você pode estar certo de que vai acontecer exatamente o que nós acertamos, sem brigas, sem conflito, apenas fazendo aquilo o que tem que ser feito, conversar, encontrar uma solução e resolver”,
O especialista Daniel Teles, também da Valor Investimentos, reforça que o mercado trabalha com uma expectativa de um pacote mais eficiente do que o apresentado em novembro do ano passado, que decepcionou. “O governo, com essa tendência de estourar a dívida/PIB, as projeções apertando, esse ajuste do IOF veio para tentar arrecadar mais e fechar a conta pública, mas o que vai resolver a questão de fato é melhorar a eficiência dos gastos”, avalia Teles. Segundo ele, o foco da equipe econômica precisa ser em cortes mais eficientes, mas ainda não está claro ao mercado de onde esses cortes sairão.
O pacote fiscal em elaboração deve incluir uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e um projeto de lei amplo, além de possíveis medidas provisórias. Entre as alternativas cogitadas estão a taxação de operações com criptomoedas, aumento de impostos sobre apostas on-line, revisão dos gastos tributários e mudanças nos cálculos de royalties do petróleo. O governo também avalia propor mudanças nos mínimos constitucionais de saúde e educação e na vinculação do salário mínimo.
Segundo o Ministério da Fazenda, apenas as isenções e subsídios concedidos a diversos setores da economia superam 800 bilhões de reais ao ano. Diante do desgaste político e da pressão para estabilizar as contas até 2026, a equipe econômica corre contra o tempo para entregar medidas capazes de evitar um “apagão” da máquina pública a partir de 2027.