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Mc Poze é perseguido por trair a classe que acham que ele pertence

Performance de brancura não blinda nenhum individuo negro do racismo, ainda que esse ascenda




MC Poze foi preso na Zona Oeste do Rio

MC Poze foi preso na Zona Oeste do Rio

Foto: Reprodução

Mais uma vez tivemos o desprazer de consumir o racismo nas manchetes dos meios de massa. O bode expiatório da vez foi o MC Poze do Rodo. O músico foi preso e levado de casa de forma abrupta. Descamisado, algemado e sem a menor dignidade. Ainda que não haja relato de resistência, ou algo nesse sentido, o cantor foi tratado de forma que brancos, sobretudo com o poder aquisitivo dele, jamais seriam.

Muitas pessoas ainda se enganam e pensam que a classe é fator determinante de opressão, mas o Brasil diariamente nos mostra que a pavimentação da questão de classe em solo brasileiro é, sobretudo, uma questão racial. Com isso não estou dizendo que pessoas brancas e pobres não sofrem e nem que pessoas negras com dinheiro não gozam de privilégios, mas para que o indivíduo consiga exercer com totalidade a opressão ele precisa ser branco e rico.

Poze por si só é tudo que o sistema detesta. Ele é preto, de origem periférica, já foi envolvido com tráfico, ganhou dinheiro cantando a realidade da sua própria vida e, ainda hoje, não corresponde às expectativas que a sociedade deseja. O anseio da adequação pós ascensão é comum entre a população geral, já Poze do Rodo seguiu com seu estilo, conduta e, em certa medida, continuou com seus elos forjados em épocas que a fama e o dinheiro eram apenas um devaneio.

Não sou advogado do cantor, não sei quais foram as acusações e nem preciso de muita informação para entender o desenrolar dessas questões. Pois o ponto aqui é que tratamento a figura do MC Poze merece para uma sociedade racista. Para a gente não ficar perdido é vital a reflexão sobre quantos outras pessoas com o mesmo dinheiro de Poze foram tratados dessa maneira. Renato Cariani quando virou réu por tráfico de drogas não foi tratado como Poze, Roberto Jefferson que confessou ter atirado cerca de 50 vezes em policiais, lançou granada e feriu um agente não recebeu o tratamento do Poze, Rogério Andrade apontado como o maior bicheiro do Rio de janeiro foi levado a delegacia de uma maneira muito diferente do Poze do Rodo. Percebe-se que ser culpado, inocente ou investigado não determina o seu tratamento. O que te dará a chance de ser bem tratado é sua cor ou se atende uma performance esperada.

Toda essa situação deixa a impressão de que Poze é mais odiado por não se curvar a um padrão que a sociedade elitista espera de um cara que permeia, ou pode permear, nos mesmos ambientes que ela. É como se ele fosse um traidor. Ora, se ele pode ir e vir quase igual um branco rico, porque ele não está empenhado se adequar a nossa forma? Como assim ele não está tentando emular o que nós decidimos que deve ser a vida de uma pessoa rica?

A forma com que Poze age faz com que o estado burguês o odeie ainda mais. Ele não se preocupa em etiqueta, não tá focado em bajular e tem seu próprio estilo de vida. Ele sempre será alvo de prisões arbitrárias, pois tudo que o sistema quer é usar ele como exemplo. Querem tolher o que representa o Poze para uma parcela da população que tem nele um ídolo e alguém a se inspirar. A figura do Poze ameaça uma lógica supremacista que até te dá o direito mínimo e ilusório de ascender, mas jamais permitirá que você molde a cultura que ela preza, já que isso é um pilar determinante para a forma com que a burguesia se mantenha segura e plena.

Fonte: Luã Andrade
Luã Andrade é criador de conteúdo digital na página do Instagram @escurecendofatos. Formado em comunicação social e membro da APNB. Luã discute questões étnico raciais há dez anos e acredita que o racismo deva ser debatido em todas as esferas da sociedade.

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