Você já tinha ouvido falar do senador Plínio Valério, do PSDB do Amazonas? Provavelmente não. Talvez conheça Omar Aziz, do PSD do mesmo Estado. E Marcos Rogério, do PL de Rondônia? Esse é mais conhecido.
Esses três senhores tentaram intimidar a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado. Discutia-se a pavimentação de uma estrada na Amazônia, um detalhe de um debate mais amplo sobre a criação de reservas extrativistas marinhas no Amapá.
Mas em, vez de contraditar a ministra com argumentos sólidos, os três partiram para a ignorância. Incomodada com a forma como estava sendo tratada por Aziz, Marina cobrou do senador Marcos Rogério, que presidia os trabalhos e várias vezes cortara seu microfone.
— Me respeite, ministra. Ponha-se no seu lugar — disse Marcos Rogério.
Ela continuou, mas quando Plínio Valério afirmou que era preciso “separar a mulher da ministra” e que “a mulher merece respeito, a ministra não”, Marina reagiu como a grande mulher que é: levantou-se e foi embora. Esse mesmo senador disse em outra ocasião que tinha vontade de enforcar a ministra.
Os três senadores podem ter saído da sessão achando que arrasaram, que expuseram a fragilidade da ministra, que tem sofrido sucessivas derrotas no governo. Podem até ter imaginado que ela pediria demissão depois dos ataques machistas, mas foi o contrário. Marina recebeu um telefonema do presidente Lula e ganhou apoio dos ambientalistas que conhecem seu trabalho em defesa do meio ambiente em geral e da Floresta Amazônica em particular.
Marina é fisicamente uma mulher debilitada — pela malária e por outras doenças tropicais — mas é uma figura essencial em tempos de mudanças climáticas. O governo Lula precisa dela na COP30 e, por isso, precisa preservá-la do fogo amigo e dos adversários que, no Congresso, querem minar seu trabalho.
— O meu lugar é trabalhando para combater desigualdade, ter um modelo de desenvolvimento que gere prosperidade — disse Marina mais tarde, em entrevista.
A ministra erra? Como qualquer ser humano, não é infalível. Discordar dela é legítimo, como fazem os que consideram radical demais sua posição em relação às pesquisas para exploração de novos campos de petróleo. Inaceitável é desrespeitá-la, como o fez o senador Plínio Valério, que na história do Brasil não será nem nota de rodapé.