O presidente Lula (PT) recebeu na manhã desta sexta-feira (6) em Paris o título de doutor honoris causa da Universidade Paris 8, em Saint-Denis, cidade da região metropolitana de Paris.
Criada na esteira das rebeliões estudantis de maio de 1968, Paris 8 é uma universidade renomada pelos cursos de ciências humanas. Nela lecionaram nomes como o filósofo Michel Foucault e o psicanalista Jacques Lacan.
O evento foi cercado de um forte esquema de segurança. As universidades francesas vêm sendo palco de manifestações de estudantes em favor da Palestina desde o início do conflito em Gaza, em outubro de 2023.
Em seu discurso, Lula defendeu o investimento em educação e a política de cotas. Usou como exemplo uma instituição estadual, a Universidade de São Paulo. “A periferia começou a frequentar a USP. E hoje nós temos mais de 50% de estudantes da USP da periferia, e muitos negros e pardos.”
O presidente disse que tem dois projetos na educação superior: criar uma universidade “para os indígenas” e outra “para o esporte”. “A gente vai poder fomentar mais e fazer do esporte um chamariz para que a criança não seja mais levada ao narcotráfico.”
A filósofa Marilena Chauí já recebeu o título na Universidade Paris 8. O médico e geógrafo Josué de Castro (1908-1973) lecionou na instituição.
Depois do evento na universidade, Lula seguiria para o Grand Palais, histórico pavilhão de exposições vizinho à Champs-Elysées, principal avenida de Paris. Juntamente com o presidente da França, Emmanuel Macron, o presidente brasileiro inauguraria uma instalação gigante de Ernesto Neto, um dos artistas plásticos brasileiros mais conhecidos no exterior.
A obra, chamada “Nosso Barco Tambor Terra”, é composta de 5.735 metros de chita cortados em tiras e amarrados em um trançado complexo, minuciosamente modelado e colorido pelo artista, formando um “barco” que o público pode visitar, interagindo com a instalação ao tocar cerca de 40 instrumentos de percussão de várias origens: Brasil, China, Japão, Nepal, Qatar, Tailândia, entre outros.
Ernesto Neto, que pratica percussão desde 2008, disse à Folha que a visita de Lula à instalação é importante por valorizar a arte. “A arte é a parte mais subjetiva da cultura. A gente vive hoje em uma sociedade de ultra objetividade. E a subjetividade faz você inventar.”
No mesmo Grand Palais também foi aberta nesta sexta outra exposição, chamada “Horizontes”, com pinturas de quatro artistas brasileiros: Antonio Obá, Marina Perez Simão, Vinicius Gerheim e Agrade Camíz. A visita de Lula “é uma enorme honra”, disse Marina Simão.
A mostra faz parte da programação do Ano do Brasil na França, temporada de atividades culturais que vai de abril a setembro.