O deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara, disse que o grupo terá uma reunião emergencial na manhã desta terça-feira (10) para debater as propostas que foram articuladas entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e líderes do Legislativo para substituir o efeito arrecadatório do decreto que elevou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Segundo Zucco, um grupo de mais de cem parlamentares da oposição ao governo pretende ainda discutir o projeto de decreto legislativo (PDL) que susta os efeitos do reajuste no IOF. Ele afirmou que vai esperar o conteúdo da medida provisória, mas que vê clima desfavorável para a aprovação na Câmara.
“Não há uma clareza do que vai ser feito [pelo governo]. Dizem que vão ser alguns recuos relacionados ainda à pauta do IOF, mas estamos vendo essa alternativa como, mais uma vez, querer receita e não querer corte; querer recurso, mas não querer sanar os problemas que o Brasil tem”, disse Zucco a jornalistas, na saída do evento Agenda Brasil, nesta segunda-feira (9), em São Paulo.
O deputado também declarou que a oposição tem responsabilidade, mas busca ser “resistência a quem não tem um projeto claro, responsável, a quem não dialoga com setores, serviço, comércio, indústria”. Segundo ele, há forte preocupação com o que avaliou como insegurança não só econômica, mas também jurídica, “que afeta vários setores”.
Zucco opinou que “a equipe econômica do governo está totalmente perdida” e que “o Congresso não vai se calar, a oposição muito menos”. Ele reclamou da ausência de debate prévio por parte do Executivo e disse que o governo não busca “achar uma solução, quer trazer alguma solução eleitoreira que não traga desgastes”.
“Eu não tenho dúvida de que, se não tivermos uma medida provisória que realmente tenha um mínimo de entendimento para arrecadar com cortes de gastos, nós vamos votar contra e vamos trabalhar para que o governo realmente traga alguma pauta positiva para o Congresso”, afirmou o líder da oposição.
Questionado sobre alternativas para cortes no orçamento, o deputado citou a possibilidade de discutir alterações na política de dividendos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Falou ainda em recursos procedentes do pré-sal e em ajustes nas emendas parlamentares. “O Congresso pode dar o exemplo, inclusive.”
Zucco sugeriu também que o governo poderia fazer “um gesto” cortando na própria pele. “Nós sabemos que se gasta muito, com a máquina pesada, com a quantidade de recursos que está sendo colocada para ministérios. Por que não tirar ministérios, recuar? Quem esse sabe enxugar, mostrar um gesto de ajuste fiscal, mas também de responsabilidade política?”, afirmou.
