A Justiça do Rio manteve a prisão temporária do funkeiro MC Poze do Rodo, que passou por audiência de custódia na tarde desta quinta-feira, horas depois de ser preso por apologia ao crime. Ele é investigado por tráfico, associação ao tráfico e envolvimento com o Comando Vermelho.
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A prisão aconteceu na casa do cantor, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Ele foi levado pra Cidade da Polícia, na Zona Norte, onde afirmou estar sendo perseguido. Na sequência, ele foi transferido pro presídio de Benfica.
A Polícia Civil acredita que a facção criminosa tem usado cantores e influenciadores pra exaltar o tráfico, atrair jovens e movimentar dinheiro do crime. Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, Poze teria transformado suas músicas em propaganda do Comando Vermelho.
‘Ele transformou a música num instrumento de dominação, divulgação e disseminação da ideologia e da narcocultura da facção criminosa Comando Vermelho. A gente vem percebendo que o crime organizado atua em duas vertentes. Eles atuam na vertente do crime organizado propriamente dito, mas também eles atuam de um outro lado. Eles têm cantores, MCs, influenciadores digitais, criando uma falsa narrativa de que a ação deles é que é um exemplo para a comunidade.’
De acordo com a investigação, o funkeiro só se apresenta em áreas dominadas pela facção, com a presença de traficantes armados na segurança dos eventos. Os investigadores apontam que os shows ajudam a movimentar o lucro da venda de drogas, que depois é usado pra comprar armas.
A gravadora Mainstreet Records, fundada por Lucas Mendes Lang e pelo rapper Orochi, também entrou na mira da polícia. Ela é suspeita de apologia ao tráfico e lavagem de dinheiro. Artistas como Cabelinho e Oruam fazem parte do selo.
Outro ponto que chamou atenção do delegado André Neves foi uma música de Poze, que teria incitado confrontos entre facções na Zona Oeste, justamente na região onde o policial da Core João Pedro Marquini foi assassinado.
‘Pega a última música que foi divulgada pelo MC Poze e analisa a letra que ele fala – Vamos tomar rodo. Antares, CV, CV. O exemplo trágico desse enaltecimento é o policial Marquini, que deixou três filhos. E esse mesmo MC, poucos dias atrás, enaltecendo essa guerra para retomada da Zona Oeste, CV, CV, CV.’
O advogado de MC Poze do Rodo, Fernando Cardoso, disse que ainda vai analisar os autos do processo, mas que as músicas são como uma peça de ficção.
Poze está sendo investigado por tráfico de drogas, associação ao tráfico e apologia ao crime.