Uma operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) terminou em tragédia no Morro Santo Amaro, na Zona Sul do Rio, na noite de ontem, sexta-feira, 06. O office boy Herus Guimarães Mendes da Conceição, de 24 anos, morreu após ser baleado durante um tiroteio que levou pânico a uma festa junina organizada por moradores da comunidade, localizada entre os bairros do Catete e da Glória. Pessoas que estavam no local contam que o evento foi interrompido com a chegada dos agentes da tropa de elite do Rio. A Polícia Civil informa que outras cinco pessoas ficaram feridas.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a celebração, com pessoas dançando quadrilha, e logo depois o barulho de tiros e o público em desespero, incluindo crianças.
Ação policial com tiroteio deixa jovem morto e cinco feridos em festa junina na comunidade do Santo Amaro
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— Jornal O Dia (@jornalodia) June 7, 2025
Houve correria, e há relatos de gente pisoteada. No final da manhã deste sábado, moradores do Santo Amaro fizeram um protesto na porta da Delegacia do Catete (9ª DP). A Polícia Civil, em nota, diz que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso e que diligências estão em andamento.
Herus, segundo familiares, teria levado dois tiros. Ele foi levado para o Hospital Glória D´Or, mas não resistiu. Ele trabalhava para um imobiliária e deixa um filho de apenas dois anos.
A festa junina de sexta-feira, tradicional na comunidade, reunia quadrilhas de diferentes locais do Rio de Janeiro. Policias teriam sido recebidos a tiros por criminosos na favela. VEJA entrou em contato com a PM do Rio, mas ainda não teve retorno. O Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Rio de Janeiro divulgou nota repudiando o episódio. “Não se justifica uma operação policial durante plena festa junina, com a presença de crianças e adolescentes. A proteção à criança e adolescente é obrigação do Estado, não sendo aceitável que o enfrentamento ao crime organizado ponha em risco exatamente aqueles que temos a obrigação primária de proteção”, diz o órgão, ressaltando que acompanhará a apuração do ocorrido.
A ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, fez uma postagem sobre a morte de Herus e a operação da PM: “Revoltante e desesperador o que aconteceu com famílias que aproveitavam uma festa junina no Rio de Janeiro em seu momento de lazer”, afirmou Anielle, acrescentando. “Crianças, jovens e idosos que estavam em uma festa junina no local foram surpreendidos com rajadas de tiros. Um jovem morreu e várias pessoas ficaram feridas por uma política de segurança pública que não respeita a vida daqueles que moram e residem em favelas e periferias”.