Ação conjunta entre forças de segurança do Rio de Janeiro e do Ceará foi deflagrada no sábado, 31, na comunidade da Rocinha
Resumo
Forças de segurança do Rio de Janeiro e Ceará realizaram operação conjunta na Rocinha contra facção criminosa do Ceará, com cumprimento de mandados, apreensão de armas e drogas, e relatos de violência extrema.
Os ministérios públicos e as secretarias de Segurança Pública do Rio de Janeiro e do Ceará realizaram uma operação conjunta no sábado, 31, contra integrantes da facção criminosa Comando Vermelho do Ceará, cujos líderes estão foragidos e operando na comunidade da Rocinha, na capital fluminense.
Agentes saíram para cumprir 29 mandados de prisão e 14 de busca e apreensão na Rocinha. As ordens judiciais foram expedidas pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas da Comarca de Fortaleza (CE).
A ação foi coordenada pelo procurador-geral de Justiça Antonio José Campos Moreira e contou com:
- 80 agentes da Coordenadoria de Segurança e Inteligência;
- Comando de Operações Especiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro;
- Batalhão de Operações Especiais (BOPE);
- Batalhão de Choque;
- Primeiro Comando da Área.
Quais são as suspeitas?
As investigações tiveram início a partir de uma colaboração premiada no âmbito de Ação de Investigação Judicial Eleitoral ajuizada pelo Ministério Público Eleitoral no município de Santa Quitéria, no Ceará.
A apuração resultou na cassação dos mandatos do então prefeito e vice-prefeito eleitos, assim como na anulação das eleições municipais do município.
“Na sentença, o Juízo Eleitoral reconheceu a prática de abuso do poder político e econômico, consubstanciada na atuação de membros de organização criminosa que, de forma ilícita, interferiram no processo eleitoral por meio da coação de eleitores, compra de votos e diversas formas de intimidação, chegando, inclusive, a ameaçar incendiar e destruir as instalações do Cartório Eleitoral da cidade”, informou o MP CE.
Ainda conforme o ministério público, os investigados também respondem por outros crimes praticados no Ceará, como homicídios, latrocínios, extorsões, tráfico de drogas e associação à organizações criminosas.
Execuções no Ceará
O Ministério Público do Rio de Janeiro também explicou que, mesmo a distância, os investigados continuavam coordenando remotamente práticas criminosas, como tráfico de drogas e execuções no estado nordestino.
Segundo o procurador-geral de Justiça Antonio José Campos Moreira, há indícios de que mais de mil homicídios tenham sido ordenados do Rio de Janeiro para o Ceará ao longo dos últimos dois anos.
“Eles usavam motosserras para esquartejar seus inimigos e ainda jogavam futebol com suas cabeças. Eles filmavam tudo”, disse o procurador ao O Globo, no Quartel-General da Polícia Militar, de onde a ação foi monitorada em tempo real.
“Os criminosos do Ceará são muito sanguinários. Os assassinatos são cometidos com requintes de crueldade. Essa prática está se alastrando para outros estados do Nordeste. As imagens, porque eles fazem questão de mostrar em redes sociais, são muito impactantes”, acrescentou o procurador-geral.
Durante o planejamento da ação, os setores de inteligência detectaram a presença de homens fortemente armados — com cerca de 70 fuzis — no local que teria sido arrendado pelos alvos dos mandados.
O que foi apreendido na operação?
Durante a operação na Rocinha, os agentes apreenderam armas de fogo, entorpecentes, munições e vários bens de origem ilícita. Um homem com mandado de prisão em aberto foi preso. O resultado final da operação integrada, no entanto, só será divulgado nos próximos dias.
Conforme informações obtidas pelo O Globo, após a movimentação dos policiais na comunidade, cerca de 400 criminosos fugiram para a mata da Rocinha. O Bope está monitorando a região.
