“Ele entra no comando da sigla num momento em que o partido busca renovar sua identidade e ampliar sua presença no cenário nacional. E o faz com uma vantagem: já no momento da posse, o dirigente partidário com maior base digital entre os 29 presidentes de siglas brasileiras. O PSB tem assim a maior presença digital dentre as esquerdas brasileiras”, diz.
Mas a eleição vai além das redes sociais. “Há um cálculo político importante, ainda que não explicitado, nos documentos internos do partido: com a dificuldade crescente do PT em se renovar, e na ausência de um sucessor natural a Lula, João Campos se apresenta como um nome viável para assumir parte do protagonismo da centro-esquerda”.
Essa pretensão, todavia, exigirá muito mais do que números de engajamento: exigirá articulação, capital político real, e um projeto nacional convincente. O momento do PSB, é verdade, é favorável: a legenda foi a que mais elegeu prefeitos no campo da esquerda nas eleições de 2024. Se bem conduzido, pode fazer do PSB um polo de atração para os eleitores desiludidos com o lulismo, mas ainda refratários à direita.
Arthur Leandro, cientista político da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco)
Desafio passa por vitória em Pernambuco
Antes de pensar na Presidência, porém, João terá um duro desafio local. Ele deve renunciar à prefeitura do Recife em abril de 2026 para disputar o governo do estado e ocupar o lugar que pai e bisavô já estiveram.