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IOF pode pressionar lucro e dividendos das empresas? Veja se é exagero ou uma preocupação real

Inicialmente, para companhias que atuam com importação, exportação ou operações em moeda estrangeira, o imposto poderia chegar a 3,5%. Já para quem recorre ao crédito, a alíquota deveria saltar de 1,88% para 3,95% ao ano. Em micro e pequenas empresas do Simples (com operações de até R$ 30 mil), a taxa subiu de 0,88% para 1,95%.

Os fundos de previdência complementar VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) também foram afetados. Mesmo com o adiamento da nova alíquota, sentiram um baque de 80% nas captações, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). A estimativa é de uma queda de R$ 150 milhões nas captações desses fundos em 2025, na comparação com 2024.

A pergunta que fica é: as seguradoras também sentirão impacto nos lucros? Ainda pesa a incerteza, que nunca é uma boa combinação para o mercado acionário, e pode aumentar a volatilidade das ações.

No entanto, uma luz no fim do túnel parece surgir, diante da Medida Provisória (MP) anunciada no final de semana. Com as novas medidas, o IOF do crédito para empresas deve reduzir, assim como nos planos VGBL. Operações de risco sacado terão um corte nas taxas de 80%. O governo ainda deve anunciar mais detalhes da MP nos próximos dias.

Diante de tantos questionamentos do investidor, o E-investidor mergulhou no assunto para entender se, no universo da renda passiva, há risco de os dividendos serem pressionados. Confira a visão de agentes do mercado.

IOF: favorável ou preocupante?

É natural que taxas maiores pressionem resultados, mas empresas da Bolsa de Valores tendem a sofrer menos do que companhias menores. Segundo Marco Saravalle, sócio-fundador e analista da MSX Invest, empresas listadas costumam ser líderes de mercado, têm acesso a outras formas de financiamento e conseguem repassar alta nos custos e novos impostos aos consumidores.

“Muitos diretores financeiros das empresas da bolsa já devem estar pensando em alternativas diferentes de captação”, afirma Saravalle.

Apesar da cautela do investidor, há visões mais pessimistas. Mauricio Nakahodo, professor de economia da Faculdade ESEG, vê risco maior para empresas dependentes de crédito ou importações de insumos, com possível impacto no lucro se não conseguirem repassar os custos.

Fernando Bresciani, analista do Andbank, alerta para a incerteza do cenário, mas acredita que, dependendo dos desdobramentos, pode haver alguma pressão sobre lucros e dividendos. O impacto viria do custo de produção, que aumentaria diante de inflação ou lucros recuando.

Dividendos: susto limitado

Segundo a XP, os setores mais afetados pelo IOF seriam o financeiro e o de mineração e siderurgia, ainda assim com impactos moderados. Já agronegócio, bens de capital, educação, energia elétrica, imobiliário, varejo, transporte, óleo e gás, entre outros, devem sentir efeitos mais brandos.

Nem todos servem para dividendos.  Setores como varejo tendem a ser afetados pelo risco sacado, mas dificilmente entram em carteiras de renda passiva, pois já têm histórico fraco de distribuição, lucro apertado e forte reinvestimento.

Jayme Simão, sócio-fundador do Hub do Investidor, lembra que empresas com trajetória sólida de proventos têm estrutura robusta e previsível, o que ajuda a preservar os pagamentos mesmo em cenários adversos.

A maioria das boas pagadoras tende a mitigar gradualmente nos balanços o impacto do IOF no médio prazo, afirma Bruno Oliveira, analista do Vida de Acionista. “O IOF não é algo que deva preocupar o investidor de dividendos”, afirma.

Saravalle acrescenta que empresas já estão se preparando para compensar o efeito em resultados trimestrais. E lembra: tarifas e preços devem incorporar esse custo com o tempo.

A incerteza assusta, mas também abre portas. Para Ailton Marcolino e Murilo Barsi, especialistas da Barsi Investimentos, o cenário atual pode ser uma boa hora para comprar ações de empresas sólidas, com geração de valor estável e capacidade de adaptação.

Investidores de dividendos sabem que quedas de preço podem ser janelas de entrada. “Investidor de dividendos de longo prazo não foge de volatilidade, mas de imprevisibilidade”, afirmam.

Bancos e seguradoras

Com o crédito mais caro diante do IOF, é natural que os bancos repassem esse custo às empresas. Isso tende a reduzir a procura por financiamento e o ritmo de crescimento das carteiras de crédito. As perspectivas para 2025 já eram modestas, por causa dos juros altos, e agora podem ser ainda mais tímidas. Segundo a XP, as empresas devem buscar outras formas de captação para fugir das taxas.

Lucas Uhlig, contribuidor do TC, destaca que Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) são os mais expostos, tanto no crédito empresarial quanto na previdência privada, que vem sendo impactada pelo IOF. O BB já enfrenta inadimplência no agronegócio e revisou suas projeções de dividendos para baixo em 2025.

Marcolino e Barsi também esperam impactos no Banco do Brasil, que deve apresentar o crescimento mais lento nas carteiras de crédito. O Itaú também sente a desaceleração no crédito corporativo, além da redução nos ganhos com spreads, a diferença entre o dinheiro captado e o emprestado.

Bancos menores não estão imunes. Oliveira cita o BR Partners (BRBI11), que atua em investimentos e mercado de capitais. Operações como fusões, aquisições e capex no exterior devem esfriar com o IOF, o que pressiona o banco.

Nas seguradoras, a taxa de 5% nos aportes de previdência VGBL acima de R$ 50 mil mensais, pode manter a queda nas captações e a saída de investidores. A XP, porém, avalia que o impacto ainda é pequeno. Para Marcolino e Barsi, quem mais sente essa perda de captação é a BB Seguridade (BBSE3).

Oliveira avalia que, apesar do impacto nos prêmios de seguro de vida e capitalização, os efeitos nos resultados ainda são sutis. Com a nova MP do governo, é possível que o impacto para as seguradoras seja ainda menor.

Já Bruno Corano, economista da Corano Capital, chama a atenção para os efeitos indiretos no setor financeiro. A incerteza provocada pelas idas e vindas do governo em relação ao IOF pode afetar ações de bancos com desvalorização. No caso das seguradoras, ele reforça que a queda no fluxo das captações já reflete essa indefinição.

Elétricas e saneamento

Saravalle vê risco moderado nos setores regulados por dificuldades de repasse de tarifas no curto prazo. Ainda assim, acredita que as empresas podem reorganizar passivos para evitar impacto no lucro líquido. “Não vejo um forte impacto na lucratividade em 2025 ou 2026, que torne sensível a distribuição de dividendos”, diz.

Já Fabricio Larguesa, sócio e analista da Meraki Capital, não vê risco para os dividendos. Ele cita que empresas como Cemig (CMIG4), Eletrobras (ELET6) e CPFL (CPFE3) e outras de utilidade pública têm baixa exposição ao crédito corporativo e câmbio. Para a XP, apesar do endividamento elevado, companhias elétricas usam debêntures, isentas de IOF.

Por trabalhar com projetos de infraestrutura, também têm empréstimos em bancos isentos. Distribuidoras são ainda mais blindadas.

Exportadoras: mineração e petróleo

Simão vê impacto irrelevante em Petrobras e Vale, que têm acesso amplo a diversas fontes de financiamento. “Não vemos razão para se preocupar com caixa e dividendos destas empresas em 2025 ou em 2026”, afirma.

A CSN Mineração (CMIN3) tem hedge (proteção) natural e reservas em real e dólar, o que reduz exposição cambial. “Se preocupar pelos dividendos é procurar pelo em ovo”, diz Oliveira. Ele também cita Klabin, que tem dívidas e receitas em dólar. Segundo ele, empresas com esse formato ficam ainda mais confortáveis.

Marcolino e Barsi lembram que a Vale (VALE3) tem hedge e dívida baixa, o que garante estabilidade e facilita estruturas de financiamento robustas para absorver a volatilidade fiscal.

A XP aponta que impactos em mineração, papel, celulose e siderurgia devem ser modestos, sem efeitos notórios no lucro. No setor de petróleo e gás, o efeito se limita ao curto prazo. O governo estuda medidas para gerar R$ 35 bilhões até 2026, compensando o IOF no setor.

Outros setores: estabilidade prevalece

Nas telecomunicações, a XP não vê riscos. Dívidas das empresas seguem isentas de IOF, e os efeitos no câmbio são marginais. Além disso, a importação de matérias-primas não possui alíquotas. Evitando assim, impacto nos lucros e dividendos.

Construtoras e incorporadoras têm baixa exposição ao IOF, já que usam dívidas isentas via debêntures e CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários). MRV (MRVE3) e Cury (CURY3), citadas pela Barsi Investimentos, têm boa antecipação de caixa e usam AQS (aquisição de recebíveis), também fora do imposto.

No agronegócio, a lógica se repete. Empresas como SLC Agrícola, Kepler Weber e JBS usam a CPR (Cédula de Produto Rural) para financiar atividades antecipadamente e sem tributos extras.

A XP cita apenas Raízen e Minerva como casos sensíveis por operações de forfait, mas sem efeito relevante no lucro por ação.

Para Marcolino e Barsi, o IOF funciona mais como teste de inteligência financeira das empresas do que um problema generalizado na bolsa de valores.

Além de testar a inteligência financeira das empresas, o IOF também coloca à prova as escolhas do investidor. Empresas resilientes, capazes de atravessar crises e solavancos, seguem como as melhores candidatas para compor carteiras de dividendos. E isso não muda com o IOF mais alto.

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