Integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliam que o interrogatório de mais de quatro horas do tenente-coronel Mauro Cid serviu para confirmar fatos básicos de sua colaboração premiada.
De forma reservada, interlocutores da PGR dizem que o depoimento não trouxe surpresas, apesar de observarem que Cid tenha sido esquivo na complementação de fatos que já havia admitido.
No primeiro dia dos interrogatórios de oito réus do núcleo 1 da trama golpista, o tenente-coronel respondeu a questionamentos do procurador-geral da República, Paulo Gonet, sobre pontos presentes na delação — que foi firmada pela Polícia Federal.
Cid foi o primeiro a ser interrogado pelo fato de ter firmado um acordo de colaboração premiada. Entre os questionamentos feitos pelo procurador-geral da República estão um sobre registros fotográficos de uma minuta de decreto com conteúdo golpista encontrados em seus dispositivos eletrônicos.
A última página do arquivo estava parcialmente encoberta por um papel, que ocultava propositalmente as provisões finais do texto. Gonet perguntou se foi Cid quem fotografou ou redigiu o documento, e ele negou.
— Não fui eu quem tirou a foto. Eu nem lembrava desse documento. Só lembrei quando a Polícia Federal me mostrou no depoimento — respondeu.
O STF iniciou nesta segunda-feira a etapa de interrogatórios dos réus da trama golpista. Os depoimentos são conduzidos pelo relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes. O primeiro a falar é Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro. Além de Moraes, o ministro Luiz Fux, integrante da Primeira Turma, também está presente e fará perguntas.
Os interrogatórios ocorrem na sala da Primeira Turma do STF, e todos os réus participam presencialmente, com exceção do ex-ministro Walter Braga Netto, que está preso preventivamente, no Rio de Janeiro, e por isso acompanha por videoconferência.