O médico coloproctologista Dr. Fernando Lemos explica que a Doença de Crohn pode afetar qualquer parte do trato digestivo — da boca ao ânus — e costuma atingir todas as camadas da parede intestinal. “Já a Retocolite Ulcerativa atinge apenas o intestino grosso (inicia no Reto e pode ascender e acometer todo o resto do cólon) e afeta mais superficialmente a mucosa intestinal”, compara. “Outra diferença importante: na Retocolite, a inflamação é contínua, enquanto na Doença de Crohn ela pode surgir em áreas alternadas, com trechos saudáveis entre os inflamados”.
Segundo o Ministério da Saúde, as causas da Retocolite Ulcerativa parecem estar relacionadas a fatores hereditários e a respostas inadequadas do sistema imune. O sintoma principal é a diarreia com sangue, sendo que aproximadamente 90% dos pacientes apresentam sangramento retal.
Outros sintomas comuns da Retocolite Ulcerativa são as cólicas abdominais, espasmos dolorosos do esfíncter anal, urgência em defecar e fluido mucopurulento nas fezes. O paciente pode apresentar, em quadros mais graves, febre, anemia e emagrecimento.
O doutor Acácio Augusto Centeno Neto, médico cirurgião, professor adjunto da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e da UniFamaz, além de chefe dos serviços de Cirurgia Bariátrica, Cirurgia Digestiva e de Neurogastroenterologia da Clínica Procto Gastro, alerta que todo paciente que apresenta uma mudança no seu hábito intestinal por um período de mais de uma semana, principalmente pessoas idosas, deve procurar avaliação médica.
“Além disso, o aparecimento de sintomas como dor abdominal, principalmente na parte baixa do abdômen com desconforto abdominal, acompanhados de sangue, muco ou mudança no aspecto das fezes, deve procurar um médico”, recomenda.
“O ideal é que se faça exames preventivos periódicos. Eles não evitam o aparecimento de doenças, mas permitem um diagnóstico e tratamento precoces, que são, normalmente, menos agressivos e com melhores resultados”, complementa.
Entendendo a RCU
O QUE É
A retocolite ulcerativa é uma doença inflamatória intestinal crônica e autoimune, caracterizada por episódios recorrentes de inflamação que acomete predominantemente a camada mucosa do cólon.
QUEM É MAIS SUSCETÍVEL
Pode ter início em qualquer idade, porém o pico de incidência ocorre dos 20 aos 40 anos.
PROTOCOLO DO SUS
O Ministério da Saúde atualizou recentemente o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Retocolite Ulcerativa (RCU). O documento orienta o tratamento ofertado no SUS e foi elaborado após a incorporação do citrato de tofacitinibe para o tratamento de pacientes com a doença em estágio moderado a grave e com resposta inadequada, perda de resposta ou intolerantes ao tratamento prévio com medicamentos sintéticos convencionais ou biológicos.
TRATAMENTO DISPONÍVEL
Os tratamentos disponíveis no SUS envolvem o uso de aminossalicilatos orais ou por via retal (sulfasalazina e mesalazina), de corticosteroides (hidro-cortisona e prednisona), de imunossupressores (azatioprina e 6-mercaptopurina), e de antibiótico (ciclosporina intravenosa).
COLECTOMIA
Uma das opções de tratamento é a retirada total ou parcial do cólon, a colectomia, usada quando os sintomas não forem controlados, ou se não houver melhora com o tratamento convencional.
CAUSAS DA DOENÇA
As causas da doença parecem estar relacionadas a fatores hereditários e a respostas inadequadas do sistema imune.
Fonte: Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – CONITEC. —
