O governo vê influência do deputado Arthur Lira na ameaça do presidente da Câmara, Hugo Motta, de derrubar o decreto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A avaliação é compartilhada por articuladores do Planalto e líderes de partidos governistas que discutiram o assunto ao longo da semana.
No domingo, o presidente da Câmara recebeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e saiu comemorando uma “noite histórica” de acordo sobre o pacote fiscal.
Dois dias depois, ele passou a criticar duramente as medidas. A crise subiu de patamar nesta quinta, quando Motta anunciou que pautará a votação um projeto de decreto legislativo que pode derrubar a alta do IOF.
A avaliação do governo é que Lira pressionou o sucessor a mudar o tom para emparedar Haddad em dobradinha com a oposição bolsonarista. O objetivo seria enfraquecer o ministro da Fazenda e evitar qualquer restrição ao pagamento de emendas impositivas.
Na reunião de domingo, o ministro voltou a se queixar do avanço dos parlamentares sobre o Orçamento.
Além de apontar o dedo para Lira, os articuladores do governo culpam os lobbies das fintechs e das bets pelo clima de rebelião contra o pacote de Haddad.
Os dois setores exercem forte influência sobre deputados do Centrão e estão insatisfeitos com o possível aumento de tributação.
A Fazenda propôs elevar o imposto das instituições financeiras digitais, que hoje pagam menos Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) que os bancos de varejo.
A taxação das casas de apostas também subiria de 12% para 18% após o pagamento dos prêmios e das deduções de Imposto de Renda.