Aumento do IOF
Justiça fiscal
O cenário das atuais discussões acerca do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) me faz lembrar de um alerta do economista Ladislau Dowbor. Todo esforço para estabelecer a justiça fiscal não pode ser desconectado do interesse público emergente, isto é, o impacto na vida dos mais pobres. Há sentido em aumentar o imposto para os mais ricos, especialmente quando esse é o caminho mais viável para não impactar os investimentos em políticas públicas. Negar o aumento do IOF pode significar reter recursos para a população mais carente. Como é possível estabelecer uma economia mais democrática como combate às desigualdades quando o manejo dos impostos quase sempre se dá em detrimento dos mais pobres?
Luís Fabiano dos Santos Barbosa
Bauru
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Contrassenso
Quero parabenizar o editorial Sem nenhuma vergonha, que li no caderno Especial IOF de sábado (Estadão, 31/5, E3). O texto capturou perfeitamente a indignação com o aumento do imposto. Foi cirúrgico ao mostrar que o governo admite, sem pudor, que o IOF é só para tapar buracos e não tem nada de regulatório. É revoltante ver um imposto usado como “gambiarra” para cobrir a falta de planejamento e os gastos excessivos. Como o editorial destacou, “contornar regras tem sido uma constante”. A desculpa de proteger programas sociais só revela a falta de dinheiro para bancá-los com a receita normal, um sinal de planejamento falho. Além disso, a medida encarece o crédito e prejudica empresas, um contrassenso para um governo que reclama de juros altos. A atitude do governo demonstra desespero e desrespeito com o contribuinte. Parabéns ao jornal por não se calar.
Eduardo Dias Lima
Osasco
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Judiciário
Marco Civil da Internet
Mais uma vez o Poder sem voto da República volta a legislar, como mostra a notícia STF volta a julgar Marco Civil da Internet no dia 4 (Estadão, 30/5, A11). Afinal, o Marco Civil da Internet expressamente isenta as plataformas de responsabilização por conteúdos publicados por terceiros e as desobriga de remover postagens sem ordem judicial específica, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) se intromete no tema, abrindo caminho para milionárias indenizações a serem pagas por esse elo forte da corrente financeira.
José Elias Laier
São Carlos
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Discrição
Faz-me rir para não chorar, digníssimo presidente do STF (Desafinado, 30/5, A13). Se a Lei Orgânica da Magistratura Nacional virou letra-morta no sul do mundo, e se os nossos nobres guardiões da Constituição federal da República teimam em ser astros na TV e nos eventos patrocinados por empresários cujos negócios dependem de votos dos ministros do Supremo, a turba de incultos pode e deve se manifestar. Aos juízes, cabe falar nos autos dos processos, e o silêncio e a discrição são partes inerentes ao cargo que ocupam.
Helena S. Garcia
São Paulo
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COP de Belém
Desorganização
Não se trata de risco de caos, mas de uma quase certeza (O risco de uma ‘COP do caos’, 31/5, A18). O Brasil merece uma administração melhor, e não isso que está aí. O improviso, a falta de planejamento e o amadorismo infelizmente campeiam livremente, a exemplo da tragicômica novela do Imposto sobre Operações Financeiras e a (des)organização da COP-30, em Belém. Onde já se viu antecipar a cúpula dos líderes e, na prática, deixar “para depois” as discussões relevantes, bem como as importantes contribuições que poderiam ser dadas por especialistas de todos os cantos do planeta, como se pouco ou nada valessem? É exatamente esse tipo de comportamento irresponsável que faz o Brasil perder ainda mais sua já baixa credibilidade perante o mundo. Além disso, a infraestrutura precária pode arriscar a integridade física (e até a vida) de quem se atrever a participar de um evento internacional nessas lamentáveis condições. Portanto, a conclusão óbvia é que nem vale a pena acompanhar uma COP que já nasce moribunda e envolta em inacreditável desconsideração pelo que os renomados especialistas ambientais lá congregados terão a dizer, e que provavelmente irá escancarar para todo o mundo nosso atraso e desorganização. Até quando?
Fernando T. H. F. Machado
São Paulo
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
FAÇA O QUE EU DIGO
Ao ver o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), criticar os gastos do governo, lembro dos bilhões em emendas parlamentares e da fortuna que custa cada deputado ao País, com seus privilégios e penduricalhos.
Sylvio Belém
Recife
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HADDAD E TRUMP
O ministro Fernando Haddad, com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), está agindo igual ao Trump com as tarifas de importações. Divulga o aumento de manhã e cancela à noite.
Vital Romaneli Penha
Jacareí
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O BRASIL NÃO APRENDE
Na eleição do ano que vem, o povo brasileiro será obrigado a escolher entre uma chapa composta por Lula da Silva presidente e Dilma Rousseff vice ou Eduardo Bolsonaro (PL-SP) presidente e Michelle Bolsonaro vice. O sistema político partidário brasileiro é um lixo, escolhe os piores candidatos possíveis. O importante é o compromisso inabalável dos candidatos com a manutenção dos esquemas de roubo de dinheiro público, única coisa que interessa em Brasília. Depois da eleição de Lula ou Bolsonaro, os jornalistas e analistas políticos vão se debruçar em editoriais sobre o fato do povo brasileiro não saber votar, mas ninguém vai escrever uma linha sobre o fato dos partidos políticos não saberem escolher os candidatos.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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LULA E A SECA NORDESTINA
Um dia, quando alguém ler as Lulianas, história dos prodígios e milagres de Luiz Inácio, ficará sabendo que Deus, arrependido e redimindo-se do erro cometido com a seca nordestina, acabou com o flagelo dizendo “Haja Lula”. E houve Lula. Mas, com ele, vieram desgraças maiores como mensalão, petrolão, aparelhamento da máquina pública, taxação e impostos escorchantes, roubalheira generalizada e, sem esquecer da tunga no salário dos aposentados, temos agora a tal regulação das redes, maldisfarçado projeto de censura à liberdade de expressão, tornando real a criminalização do pensamento. Você aí, principalmente aquele que fez o L, não se faça de cego, surdo e mudo. Ou terminará, assim como os demais que não o fizeram, também obrigado à fazer-se de morto. Isso mesmo, fazer-se de morto com cara de paisagem assolada pela seca de liberdade sonorizada por opiniões e discursos da Janja.
A. Fernandes
São Paulo
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ÁGUA NO NORDESTE
Essa última do Lula é antológica. Deus esperou ele nascer para que ele resolvesse o problema de água no Nordeste.
Lincool Waldemar D. Andrea
São Paulo
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GOVERNO LULA
Não parece haver mais dúvida que o Lula 3 é uma espécie de Dilma 2 (Estadão, 25/5, B5). Então falta pouco para o impeachment?
Robert Haller
São Paulo
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SENADO X MARINA SILVA
Conforme noticiado, a senadora Marina Silva foi submetida a uma vexatória e descabida sessão inquisitorial na audiência pública da Comissão de Serviços de Infraestrutura sobre a criação de unidades de conservação na Margem Equatorial da região amazônica. Em dado momento, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) disse logo de entrada, antes de qualquer pergunta, que respeitava a mulher ao seu lado, mas não a ministra. Diante do condenável ocorrido, cabe dizer ser uma pena que a ministra tenha mantido seus bons modos educados e perdido a chance de retrucar dizendo ao senador que não o respeitava nem como político e muito menos como homem. O que esperar dos políticos brasileiros diante de tamanha patifaria? Pobre Brasil.
J. S. Vogel Decol
São Paulo
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PROPAGANDA DO PL
“Esse governo deixou tudo caro. E se está tudo caro, que saudade do Bolsonaro”. Uma propaganda que não sustenta a verdade e em nada colabora para a imagem do partido. Se queria rimar com Bolsonaro, errou – e feio.
Roberto Solano
Rio de Janeiro
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PODER JUDICIÁRIO
Mais um lamentável episódio envolvendo a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Supremo Tribunal Federal (STF). O tal inquérito para investigar crimes cometidos pelo licenciado deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é completamente estapafúrdio, não há prova alguma ligando uma declaração do governo americano com o deputado, institucionalizando a perseguição aos adversários políticos do atual grupo que hoje está no poder. Há uma ruptura institucional flagrante no Brasil, onde o Judiciário é o ator principal. Tenta-se calar qualquer voz que se oponha ao arbítrio.
Alfredo Papirio Cardoso de Mello Tucunduva Gomes
São Paulo
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DEMOCRACIA VICIADA
R$ 6 bilhões. Este o cálculo do montante de dinheiro desviado pelas fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Infelizmente, desvios de bilhões de reais por conta de grupos ou pessoas, sempre com respaldos políticos, são coisas corriqueiras no Brasil. E, novamente, tratam da reposição do dinheiro desviado com mais dinheiro público. Nomes de culpados, julgados e presos são escassos – sempre. Mas como sair desse sistema que se alimenta com dinheiro, votos e emendas? Como dizer basta votando nos mesmos nomes que blindam seus partidos políticos, apresentando aos votos sempre aqueles mesmos que agem em nomes próprios ou por suas indicações? Democracia viciada!
Marcelo Gomes Jorge Feres
Rio de Janeiro
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DESVIOS NO INSS
Com nossa criatividade para a corrupção, seria bom se a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) prestassem atenção no reembolso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Deve haver mais um golpe sendo preparado para esse dinheiro voltar para os bandidos. Como dizia Riobaldo no Grande Sertão, cada vez mais com razão, “viver é muito perigoso.”
Aldo Bertolucci
São Paulo
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DOAÇÕES PARA UNIVERSIDADES
A matéria Empresas doam R$ 19 mi para prédios da USP (Estadão, 30/4, A18) revela que a ineficiência gerencial do poder público também atinge nossos dirigentes de universidades públicas. Embora detenham os frutos da gratidão e do reconhecimento de seus formandos, mostram-se acomodados no estímulo à prática da doação voluntária. Um bom exemplo é a Universidade de São Paulo (USP), objeto do artigo, que, mesmo tendo formado milhares de profissionais em quase um século e meio de funcionamento, obtém irrisórias doações que não condizem com seu universo de formandos. Sequer promove, tempestivamente, campanhas públicas esclarecendo a possibilidade de doação de parcela do imposto de renda a pagar. No campo empresarial, a reitoria se exime em intensificar parcerias com empresas, disponibilizando os conhecimentos que detém, visando a obtenção de contrapartidas de doações que reforcem suas receitas e estruturas físicas. Difícil afastar a impressão que essa acomodação é fruto de seu custeio pelo Orçamento público. Precisamos repensar muita coisa no Brasil, dentre elas, a gestão de nossas universidades públicas.
Honyldo Roberto Pereira Pinto
Ribeirão Preto
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TRISTE SALVADOR
Salvador está entre os principais destinos turísticos do Brasil. A cidade, claro, é endeusada pelos soteropolitanos, que atribuem a ela todos os adjetivos possíveis para elogiá-la e demonstrar sua paixão. Eu costumo dizer que as fotos aéreas de Salvador são um espetáculo para os olhos, até porque, lá de cima, não é possível ver as mazelas. Talvez só uma fique ainda mais explícita, visto que Salvador, em recente levantamento, é a segunda capital menos arborizada do País. Mas, do céu, não se vê o inferno. Salvador é hoje a capital mais violenta do Brasil, e isso explica, em parte, por que é a 24ª pior, entre as capitais, em qualidade de vida. A falta de árvores – algo inexplicável se tratando de Nordeste – e o excesso de violência são apenas dois entre os mais de 50 indicadores que medem a qualidade de vida, segundo o Índice de Progresso Social (IPS). Vinte anos atrás, Salvador certamente deveria estar em uma posição mais elogiável nesse índice. Com a palavra, o prefeito e o governador, que vivem se digladiando, acusando um ao outro dos problemas, e a cidade se afundando aos olhos de uma população que pula junto no Carnaval, mas se mostra desunida e cega dos reais problemas da cidade.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
Salvador
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MUDANÇA CLIMÁTICA
O esfriamento impressionante no Sul do Brasil é uma prova real da mudança climática que todo o planeta está vivenciando nesses tempos. Saber conviver com essa realidade faz parte do conhecimento que teremos de ter no futuro.
José de Anchieta Nobre de Almeida
Rio de Janeiro
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OBJETOS NÃO RENASCEM
Reborn é renascido em inglês. Como chamar de bebês reborn bonecos sem vida? Só pode renascer o que já foi vivo. Chamar de reborn estes bonecos hiper-realistas é propaganda enganosa e sensacionalista.
Paulo Sergio Arisi
Salvador