Filhos e aliados de Jair Bolsonaro tentaram recorrer ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux para defender o ex-presidente no processo da tentativa de golpe. Fux foi o único magistrado da Primeira Turma, colegiado que julga essa ação, a comparecer na primeira sessão de depoimentos dos réus, além do relator do caso e responsável pela condução das oitivas, Alexandre de Moraes.
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Filhos de Jair Bolsonaro, como o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), compartilharam um recorte da pergunta de Fux ao ex-ajudante de ordens da Presidência, o tenente-coronel Mauro Cid. O ministro questionou Cid se a minuta que abriria espaço para um golpe foi assinada por Bolsonaro e o ex-ajudante de ordens afirmou que não. Cid ainda destacou que havia preocupação por parte do então comandante do Exército que Bolsonaro assinasse o documento sem consultá-lo, já que ele era contra a medida.
O corte desse trecho do julgamento passou a ser amplamente divulgado pelos apoiadores do presidente, como deputados federais e estaduais, colocando o ministro Fux em contraposição com Moraes. O julgamento, no entanto, mostrou os dois ministros com respeito e sintonia. Moraes, inclusive, chegou a agradecer Fux pela presença na sessão. Além disso, a falta de assinatura não está em questão. O foco do julgamento é a tentativa de golpe de Estado e não sua consumação.
A base do ex-presidente, porém, silenciou diante de revelações de Mauro Cid, nesta segunda-feira (9), que complicam ainda mais a vida de Bolsonaro. Uma delas foi a de que o próprio ex-presidente, quando ainda era chefe do Executivo, chegou a editar uma minuta golpista. Bolsonaro, segundo Cid, retirou a parte que previa a prisão de autoridades do Judiciário e Legislativo e deixou apenas Moraes entre os que seriam detidos.
Desde que votou por uma pena branda para a mulher que pixou a estátua do STF nos atos golpistas de 8 de janeiro e fez questionamentos sobre a delação de Cid, Fux se converteu na esperança de bolsonaristas. Eles acreditam que o ministro pode ser uma voz destoante da Primeira Turma contra a condenação de Bolsonaro.
Na primeira sessão que interrogou os réus, nesta segunda, o ministro Fux fez questionamentos, mas não mostrou a dissidência em relação a Moraes tão esperada pelos bolsonaristas.