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Faculdade expulsa 12 estudantes de medicina após apologia ao estupro em faixa de atlética

247 – A Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, anunciou nesta segunda-feira (28) a expulsão de 12 estudantes do curso de medicina após a divulgação de uma imagem em que posam ao lado de uma faixa com a frase “entra porra, escorre sangue”, associada a um antigo hino da atlética da instituição que faz referência explícita à violência sexual. A decisão foi tomada após sindicância interna aberta no dia 21 de março. A informação foi publicada pelo g1, em reportagem de Gustavo Honório e Cíntia Acayaba.

Além das expulsões, outros 11 alunos foram suspensos ou receberam sanções disciplinares. A Associação Atlética Acadêmica da faculdade segue interditada por tempo indeterminado. O caso, que gerou forte reação dentro e fora da instituição, também é investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.

A faixa foi exibida durante um torneio universitário realizado no dia 15 de março. A frase estampada remete ao antigo hino da atlética, banido oficialmente em 2017 após denúncias de conteúdo misógino, sexualmente agressivo e incompatível com o ambiente acadêmico.

Em nota oficial divulgada no Instagram, a Faculdade Santa Marcelina declarou:

 “12 estudantes foram, nesta data, desligados da Instituição, e outros 11 estudantes receberam sanções regimentais que configuram suspensões e outras medidas disciplinares. […] Comprometida com a transparência, os princípios éticos e morais, a dignidade social, acadêmica e a legislação vigente, a Faculdade Santa Marcelina reafirma sua postura proativa e colaborativa em relação ao assunto, perante as autoridades competentes.”

Coletivo feminista denunciou apologia ao estupro

O caso veio à tona após denúncia formal encaminhada pelo Coletivo Francisca, formado por alunas e ex-alunas do curso de medicina da Santa Marcelina. Em manifestação pública, o grupo feminista qualificou a faixa como apologia ao estupro, mencionando trechos do hino que fazem referências explícitas à violência sexual, à submissão feminina e à sexualização de figuras religiosas.

 “Além de extremamente violento, e com diversas alusões ao crime de estupro, o hino até mesmo faz menção a relações sexuais com membras da igreja que compõem o corpo docente da faculdade”, afirmou o coletivo, que reúne cerca de 150 participantes.

Trechos do hino, como “se no fundo eu não relo, as borda eu arregaço” e “entra porra e sai sangue, tu gritando igual capeta”, foram destacados no documento encaminhado à direção da instituição. O coletivo também cobrou a destituição de lideranças estudantis envolvidas, além de uma resposta firme da instituição para garantir um ambiente acadêmico seguro.

“Cultura do estupro dentro da medicina”

Em entrevista ao g1, uma ex-aluna da instituição, sob anonimato, lamentou a recorrência de comportamentos abusivos em centros universitários de medicina:

 “Esse hino foi revivido, cantado, e estava estampando uma bandeira que foi erguida pelos alunos após uma vitória no jogo de handebol masculino contra a Uninove”, relatou.
“A cultura do estupro é algo muito presente nas faculdades de medicina. Hinos que degradam a mulher, ritos de passagem com juramentos horríveis, trotes degradantes […] são comuns em todas as faculdades de medicina.”

Ela reconheceu o papel do coletivo na transformação da cultura institucional, mas fez um alerta:

 “O episódio de sábado nos faz questionar até quando isso vai acontecer. Pois algo banido há 8 anos voltou à tona agora, sendo que o curso de medicina dura 6.”

Investigação criminal e sanções legais

A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso sob possível enquadramento no artigo 287 do Código Penal, que trata de apologia a fato criminoso. A instituição também comunicou os fatos ao Ministério Público, que poderá apurar se houve descumprimento da Lei Estadual nº 18.013/2024, que proíbe trotes universitários que envolvam humilhação, coação ou violência simbólica.

A legislação impõe obrigações diretas às instituições de ensino, inclusive a responsabilidade de aplicar penalidades administrativas — entre elas, a expulsão — e de adotar medidas preventivas para coibir práticas ofensivas à integridade moral e física dos estudantes.

Casos semelhantes reacendem debate sobre machismo nas atléticas

O caso da Santa Marcelina não é isolado. Em 2023, estudantes da Universidade Santo Amaro (Unisa), também do curso de medicina, protagonizaram outro episódio de conotação sexual e agressiva durante um torneio esportivo. Na ocasião, alunos ficaram nus e simularam atos sexuais ao som de um hino com versos como “enfiar o dedo” na vagina e “entrar mordendo”. Cinco estudantes foram expulsos.

A repetição de episódios envolvendo atléticas universitárias, especialmente em cursos de medicina, tem levantado questionamentos sobre a cultura permissiva em torno da misoginia, do trote violento e da sexualização de mulheres no ambiente acadêmico.

Com a expulsão dos alunos e a suspensão da atlética, a Santa Marcelina tenta reafirmar seu compromisso institucional com a ética, mas o caso evidencia que os desafios para combater a cultura do estupro no meio universitário ainda estão longe de serem superados.

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