Baptista Júnior salientou conteúdo golpista nas reuniões. Os três chefes das Forças Armadas e o então presidente, Jair Bolsonaro (PL), se reuniram e trataram de hipóteses golpistas, não apenas possibilidades de uso das Forças para garantir a paz social até a transição. Ao ser questionado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, se havia sido discutida a prisão de ministros do STF, ele respondeu que sim e citou a possibilidade de prisão de Moraes.
Segundo Baptista Júnior, a possibilidade foi discutida em um “brainstorm“. Em meio aos debates para avaliar os diferentes cenários, Baptista Júnior disse que, quando a prisão foi aventada, um dos presentes teria colocado que seria necessário prender todos os ministros do STF ou Moraes seria solto imediatamente pelo tribunal.
Reunião é um dos pontos principais da denúncia. Bolsonaro e mais sete são réus na ação penal por tentativa de golpe de Estado.
Ao todo, segundo Baptista Junior, ele teria participado de cinco reuniões com o então presidente em novembro de 2022. Encontros com os comandantes das demais Forças ocorreram nos dias 2, 12, 14, 22 e 24 daquele mês, logo após Bolsonaro ser derrotado por Lula no segundo turno das eleições daquele ano, realizado em 30 de outubro.
Militar disse que preocupação inicial era com a paz social e o contexto de radicalismo no país. Em seu relato, ele disse que inicialmente as Forças Armadas cogitavam a implementação de operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) justamente para combater situações que poderiam levar ao caos social, como os acampamentos golpistas e os riscos de greves de caminhoneiros.
A partir do dia 11 de novembro, porém, Baptista Junior se deu conta que o presidente queria utilizar os instrumentos com outros objetivos. Militar teria percebido que objetivo era evitar a posse de Lula, seja por meio de GLO ou estado de exceção, e não garantir a segurança até a transição presidencial ocorrida em janeiro de 2023, segundo ele.