França e acordo Mercosul-UE
A França se opõe ao acordo Mercosul-UE em sua forma atual, seguindo o texto anunciado oficialmente em dezembro passado, após reunião de líderes dos blocos em Montevidéu, no Uruguai. Negociado há mais de duas décadas, o acordo passa agora pelo processo de preparação para assinatura. Quando assinado, o acordo cria a maior zona de livre-comércio do mundo, abrangendo 780 milhões de pessoas, com um PIB somado de mais de 22 trilhões de dólares.
As negociações, louvadas pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, como uma “vitória para a Europa”, encontraram forte resistência da França, que receia que as importações agrícolas vindas da América do Sul impactem negativamente os fazendeiros do país. As ressalvas francesas, no entanto, são criticadas pelos membros do bloco sul-americano (Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai) como forma de protecionismo europeu.
Para barrar o acordo, é necessário que ao menos três países da UE que representem mais de 35% da população formem uma minoria. A França teve apoio da Polônia (a Itália também demonstrou preocupações, mas com menos veemência).
Em contrapartida, uma coalizão de 11 Estados-membros do bloco europeu se colocou a favor do acordo, sob a liderança da Alemanha e Espanha, que pregam a formação de novas rotas comerciais para reduzir a dependência da China e a fim de criar alternativas ao oneroso tarifaço prometido pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse em 20 de janeiro.