Após ser interrogado por quase duas horas no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro disse que é a Suprema Corte que tem de provar que ele é culpado – e não ele que precisa comprovar a sua inocência no âmbito das investigações de uma trama golpista para mantê-lo no poder.
“Não posso avaliar. Como vou avaliar se sou um cara bonito ou não?”, disse Bolsonaro ao ser questionado pela imprensa sobre o seu desempenho na tarde desta terça-feira. “Quem tem de avaliar não sou eu. Olha só, o que acontece, eles é que tem de provar que sou culpado, não eu que sou inocente, meu Deus do céu”, acrescentou.
O ex-chefe do Executivo ainda disse estar “sendo acusado de botar fogo no deserto”.
Bolsonaro, Cid e outros réus depõem no STF sobre trama golpista
Depoimentos são conduzidos pelo relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes
O interrogatório de Bolsonaro lotou o auditório da Primeira Turma, que tem 126 assentos. Para comportar todo o público, que incluiu estudantes da faculdade de direito do Ceub, o STF colocou 40 cadeiras extras.
Ao negar pedido de Bolsonaro de exibir pelo menos 10 vídeos durante o seu interrogatório, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, frustrou os planos da defesa do ex-presidente de tentar esvaziar as acusações contra ele e mostrar que as críticas às urnas eletrônicas e a defesa do voto impresso eram endossadas inclusive por apoiadores do presidente Lula.
Mesmo assim, Bolsonaro fez questão de citar o teor das gravações ao responder a questionamentos sobre seu envolvimento numa suposta trama golpista para se manter no poder.