Governo cria tarifa social de energia e joga conta nas costas da classe média, já sobrecarregada
No ‘Fala, Duquesa!’ desta semana, colunista comenta sobre a MP que reforma o setor elétrico e reduz a conta de luz para 100 milhões de pessoas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na quarta-feira, 21, a medida provisória da modernização do setor elétrico. A expectativa é que 40 milhões de pessoas tenham gratuidade total na conta de energia elétrica e outros 60 milhões, descontos. Ao todo, 100 milhões de pessoas serão beneficiadas, segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Mas, para dar esses benefícios à população, outros terão de pagar a conta. “A ideia principal é aumentar a tarifa social que isenta ou que dá desconto na conta de luz para famílias de baixa renda. E, nesse caso, adivinha quem é que vai pagar a conta? Sim, é a classe média”, afirma a colunista do Estadão Maria Carolina Gontijo, a Duquesa de Tax (assista à íntegra do programa no vídeo acima).
Ela explica que, segundo o governo, esse benefício vai custar R$ 3,6 bilhões. Mas, pelo histórico dos cálculos do governo, essa conta, no mínimo, será o dobro. “Silveira disse que a classe média será compensada pela abertura do mercado livre de energia lá por volta de 2028. É o famoso na volta a gente compra.”
A promessa do governo é que, no futuro, o retorno compense o sacrifício atual. “É como se dissessem: ‘Hoje você está pagando mais, mas daqui a três anos poderá, por exemplo, escolher o restaurante com mais liberdade’.” Até lá, entretanto, a população continua arcando com os custos, em meio a um cenário já marcado por crises e pressões econômicas.
A colunista do ‘Estadão’ Maria Carolina Gontijo, a Duquesa de Tax Foto: Taba Benedicto/Estadão
Uma das medidas propostas para equilibrar as contas é o fim do subsídio concedido à energia renovável. Atualmente, produtores de energia solar e eólica recebem um desconto de 50% na taxa de uso das redes de transmissão, o que representa um custo anual de cerca de R$ 11 bilhões aos cofres públicos. A retirada desse incentivo, no entanto, traz impactos significativos, pois muitos projetos foram estruturados com base nessa vantagem econômica. Agora, sem o desconto, esses empreendimentos terão que rever suas projeções financeiras — e o setor pode enfrentar um novo desafio.
Programa
Todas as quintas-feiras, às 9h30, a Duquesa de Tax faz reacts (comentários sobre outros vídeos ou entrevistas) do noticiário econômico no Estadão. Além disso, tem o programa semanal Não vou passar raiva sozinha. Os vídeos inéditos vão ao ar sempre às segundas-feiras, às 9h30, para assinantes do Estadão. Cortes do programa são distribuídos ao longo da semana nas redes sociais e na Rádio Eldorado. A atração também tem uma versão em podcast.
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