Minas Gerais enfrenta o aumento expressivo do número de doenças respiratórias – um fenômeno que tem suas causas na estrutura do sistema de saúde, na baixa procura pela vacinação por parte da população e no próprio clima propenso à proliferação dos vírus.
Nas últimas semanas, as internações pediátricas tiveram um crescimento acelerado, assim como a demanda por leitos de UTI e enfermarias. A maioria dos casos graves se concentra em crianças de até 1 ano e idosos com mais de 60 anos.
O governador Romeu Zema (Novo) decretou, ontem, situação de emergência para acelerar os processos necessários ao enfrentamento da crise na rede pública de saúde. Contudo, diante dos problemas estruturais e históricos do SUS, decretos como este tendem a não atingir a eficiência necessária.
O ideal seria o planejamento e o investimento em ações preventivas, principalmente em campanhas de vacinação. A vacinação completa contra a Covid-19, por exemplo, está em 43,98% do público-alvo, abaixo da meta de 90%. A doença respiratória, responsável pela maior pandemia da história, ainda mata um mineiro a cada 29 horas, de acordo com a Vigilância Epidemiológica do Estado.
A baixa adesão às vacinas é reflexo não apenas de desinformação, mas também de campanhas pouco eficazes e da ausência de políticas públicas contínuas de conscientização. A saúde pública exige atuação constante, e não apenas reativa. Que a emergência sirva de alerta: sem prevenção, o sistema entra em colapso – e vidas são perdidas.
Além da Covid-19, outras doenças, como bronquiolite, gripe e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), também preocupam. Entidades representativas dos servidores da saúde relatam superlotação, falta de profissionais e sobrecarga no atendimento, o que compromete a qualidade da assistência médica.
O combate à atual crise deve acontecer em paralelo a um processo de reestruturação do sistema de saúde no Estado, que vem dando sinais de falência mesmo fora de grandes surtos de doenças.