A deputada do Partido Republicano María Elvira Salazar, que compõe a base de apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu as restrições anunciadas pelo governo contra autoridades estrangerias que “censuram americanos” e disse que a decisão “serve como aviso” para “tiranos ao redor do mundo e simpatizantes do autoritarismo”. “Como Alexandre de Moraes, do Brasil”, escreveu nas redes sociais, citando nominalmente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Se você [Moraes] tentar censurar cidadãos americanos, mesmo fora das nossas fronteiras, não será bem-vindo nos Estados Unidos”, escreveu. E complementou: “Os dias em que repressores desfrutavam de nossas liberdades enquanto as negavam aos outros, acabaram”.
Salazar está no terceiro mandato como congressista pela Flórida e já se referiu ao ministro brasileiro em outras situações. Em uma sessão na Comissão de Assuntos Exteriores do Congresso, em maio do ano passado, ela exibiu uma foto de Moraes e o criticou.
“Não sabemos se o ministro é um socialista, ou se ele é um tolo, ou se ele é um tolo útil para os socialistas. Mas sabemos que ele está cerceando um dos direitos fundamentais de uma democracia que é a liberdade de expressão”, disse na ocasião.
A sessão teve como tema “Brasil: a crise da democracia, liberdade e do Estado de Direito?” e contou com a presença de deputados e senadores brasileiros de oposição.
Restrições de visto foram anunciadas ontem pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio. A medida, segundo ele, mira autoridades internacionais que tomam “ações flagrantes de censura” contra cidadãos e empresas de tecnologia do país. Não foi feito nenhum comunicado, no entanto, sobre quais autoridades serão atingidas pela medida e não houve citação ao ministro Alexandre de Moraes.
Na semana passada, em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos EUA, no entanto, Rubio disse que o governo Trump avaliava uma possível punição a Moraes.
A sanção teria como fundamento a lei global Magnitsky, que prevê a punição de estrangeiros acusados de violações dos direitos humanos ou de corrupção.
O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e outros políticos bolsonaristas, que já haviam repercutido a ameaça de Rubio, voltaram às redes sociais nessa quarta-feira para elogiar a medida de restrição de vistos e associá-la ao ministro brasileiro.
Inquérito contra Eduardo Bolsonaro
No início da semana, Moraes determinou a abertura de um inquérito para investigar as movimentações de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nos EUA. O ministro atendeu a um pedido apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O parlamentar pediu licença da Câmara dos Deputados e se mudou para os Estados Unidos em março, alegando que ele e o pai sofriam perseguição política no Brasil.
Para a PGR, os ataques e articulações de Eduardo têm aumentado na medida em que avança a ação que apura uma tentativa de golpe de Estado e que coloca Bolsonaro como o líder de uma organização criminosa.
A crise entre o STF, Eduardo e autoridades americanas está sendo monitorada pelo Itamaraty, com o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A orientação é agir nos bastidores para evitar a escalada do conflito. Barroso também escalou um assessor da presidência da Corte para manter contato com o Ministério de Relações Exteriores e monitorar a situação.