Na pandemia, a torrefação de dinheiro público na compra de respiradores que jamais chegaram aos hospitais do Nordeste ganhou um protagonismo de elefante. Na semana passada o Tribunal de Contas da União isentou servidores encrencados na fraude como se nada tivesse sido descoberto. Decorridos cinco dias, o UOL traz detalhes de um inquérito em que a Polícia Federal demonstra ser impossível encobrir um elefante.
O caso é escandaloso da tromba às patas. Envolve a compra de respiradores chineses, em abril de 2020, para abastecer o Consórcio Nordeste, grupo composto por estados governados por petistas e aliados. O chefe da Casa Civil Rui Costa, então governador da Bahia, presidia o consórcio. A transação foi orçada em R$ 48 milhões. A emergência fez sumir a licitação. Pagou-se antecipadamente a uma empresa que comercializava medicamentos extraídos da planta da maconha por equipamentos que jamais foram entregues.
No TCU, prevaleceu por 5 votos a 3 a tese do ministro Bruno Dantas a situação excepcional que o mundo vivia na pademia forçou os gestores públicos a agir rapidamente. Como se a pressa justificasse o desleixo com a ética. Decidiu-se a abrir processo apenas contra a empresa contratada, a Hempcare. Isentou-se de responsabilidade, por exemplo, o petista Carlos Gabas, que assessorava Rui Costa como secretário-executivo do Consórcio Nordeste.