O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, afirmou que não recebeu nenhuma ordem do seu antecessor, Almir Garnier, para mobilizar tropas para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele prestou depoimento nesta sexta-feira (23), no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ação penal em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados são réus por suspeita de tentativa de golpe de Estado.
“Em momento nenhum houve ordem, mobilização ou planejamento de empregar veículos blindados que impeçam ou restrinjam o exercício dos Poderes constitucionais”, disse.
A declaração foi feita após ser questionado sobre os motivos da divulgação de uma carta, em 27 de novembro de 2024, em que a Marinha negou mobilização para colocar em prática ações contra o Estado Democrático de Direito.
Na época, Olsen exercia o posto de comandante de Operações Navais, o segundo na estrutura hierárquica da instituição, que tem como função o planejamento de operações militares navais.
Ele também foi questionado se participou de alguma reunião de cunho golpista, o que negou: “Eu ignorava a realização dessas reuniões. Só tomei conhecimento quando as notícias dessas reuniões vieram a público”.
O ex-comandante Almir Garnier, que indicou Olsen como testemunha, é acusado de ser o único comandante das Forças Armadas a apoiar o plano de Bolsonaro e ter colocado as tropas à disposição para impedir a posse do presidente de Lula.
Olsen também afirmou, no depoimento, desconhecer os motivos pelos quais o seu antecessor não participou da cerimônia de transmissão de cargo da Marinha em 2022, rompendo uma tradição, pois isso nunca havia acontecido.
Na época, Garnier afirmou que não iria ao evento porque não iria bater continência para Lula, que considerava um “bandido”. “O almirante Garnier não apresentou qualquer razão para a sua ausência à cerimônia. Eu particularmente desconheço as razões. Imagino que questões de foro íntimo.”