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‘Brasil não terá mais presidente que se esconde para não recebê-lo’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou o antecessor Jair Bolsonaro em declaração conjunta ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, em Paris.

Bolsonaro tinha relação conturbada com o francês e chegou a atacar a primeira-dama francesa, Brigitte Macron. Em julho de 2019, o então chefe de Estado brasileiro cancelou um encontro com o chanceler da França e publicou nas redes sociais imagens cortando cabelo.

— O Brasil nunca mais terá um presidente que se esconde na cadeira de barbeiro para não receber o presidente da França — disse Lula.

Lula também afirmou querer fechar o acordo entre Mercosul e o União Européia nos próximos seis meses. O brasileiro assumirá a presidência do bloco sul-americano este mês e dissse querer finalizar as negociações durante o seu período de seis semeses no cargo.

— Eu assumirei a presidência do Mercosul no próximo dia 6 e, ao assumir a presidência, o mandato é de seis meses. Eu quero lhe comunicar que não deixaria a presidência do Mercosul sem concluir o acordo com a União Europeia. Portanto, meu caro, abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo — disse Lula, em Paris.

Macron respondeu que o acordo traz risco para os agricultores franceses

— França defende o comércio livre e justo, então somos favoráveis à negociação desses acordos. Esse acordo no momento estratégico é bom para muitos setores, mas traz risco para agricultores de países europeus — afirmou.

Na sequência, acrescentou que há diferenças são sobre as normas do uso de agrotóxico.

— Há diferença grande de normas ainda (sobre agrotóxicos). Devemos melhorar para que haja cláusulas de garantias. Precisamos respeitar a coerência das nossas ambições, de defesa do clima. Precisamos melhorar esse texto. Podemos fazer isso.

França defende o comércio livre e justo, então somos favoráveis à negociação desses acordos. Esse acordo no momento estratégico é bom para muitos setores, mas traz risco para agricultores de países europeus.

Macron falou ainda sobre a necessidade de combater as mudanças climáticas. Disse ainda que tratou com Lula sobre as guerras na Ucrânia e no União Européia.

  • Entenda: Às vésperas da visita de Lula, agricultores franceses pressionam Macron a barrar Mercosul-UE
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Lula chegou nessa quarta-feira à França, onde iniciou a primeira visita de Estado de um mandatário brasileiro desde 2012 com o objetivo de “fortalecer a relação” entre ambos os países e abordar as crises internacionais, como os conflitos na Ucrânia e em Gaza. Nas redes sociais, o petista anunciou ter ido a Paris a convite de seu homólogo francês, Emmanuel Macron.

Lula, que viajou junto de sua esposa, Janja, foi recebido na pista de pouso pelo ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot. A visita oficial começará na quinta-feira com uma cerimônia no Palácio dos Inválidos, antes de um almoço de trabalho e um banquete de Estado à noite no Palácio do Eliseu, sede da Presidência francesa.

França e Brasil lançaram uma parceria estratégica em 2006, com o conservador Jacques Chirac e Lula no poder, que esfriou em 2016 e, sobretudo, durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2023). O retorno do petista ao poder reaproximou a relação e, em março de 2024, Macron viajou para o Brasil, onde visitou a Amazônia e o estaleiro onde constrói submarinos franceses Scorpène.

Agora, a visita do presidente brasileiro também foi apresentada como parte desta reaproximação bilateral. No X, Lula disse que os dois líderes discutirão “acordos de cooperação nas áreas de meio ambiente, tecnologia, defesa, energia e saúde”. Lula também deve participar do Fórum Econômico França-Brasil e da Conferência dos Oceanos da ONU, que começa na segunda-feira em Nice, entre outros eventos.

Mercosul e aquecimento global

O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE) e o aquecimento global estão entre os temas prioritários no encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o francês Emmanuel Macron nesta semana. Lula aproveitará a visita de Estado à França para tentar convencer Macron a aceitar o tratado comercial entre os dois blocos regionais, fechado em dezembro de 2024.

Auxiliares de Lula e integrantes da área diplomática afirmam que existe a expectativa de reduzir a resistência das autoridades francesas ao acordo, por causa da taxação de produtos europeus pelos Estados Unidos. Eles ressaltam, contudo, que Macron está sob pressão dos agricultores locais, contrários à redução de subsídios e barreiras a produtos de outros países, o que pode dificultar o diálogo.

— O tema será tratado nos encontros entre os dois presidentes. Nesse novo contexto geopolítico, pretendemos explorar essa possível condição favorável — afirma o diretor do Departamento de Europa do Itamaraty, Flavio Goldman.

Outro tema do encontro bilateral será o aquecimento global. Como Donald Trump retirou os EUA do Acordo de Paris, há o entendimento de que será preciso fazer uma articulação com China e UE para que a COP30, em novembro, tenha algum sucesso, avalia o consultor internacional Nelson Franco Jobim:

— A melhor maneira de neutralizar o protecionismo francês seria aderir às normas da UE relativas a padrões fitossanitários e ambientais. Assim, eles não teriam desculpa.

Lula também deve se queixar da nova lei antidesmatamento da UE, que entra em vigor em dezembro. O texto proíbe a importação de produtos oriundos de áreas desmatadas, legal ou ilegalmente, a partir de 31 de dezembro de 2020. O foco são café, soja, óleo de palma, madeira, couro, carne bovina, cacau e borracha.

Outros temas serão a defesa do multilateralismo e a regulação das redes sociais. Na agenda bilateral, são ainda prioridades o projeto conjunto para a construção de submarinos e investimentos franceses no Brasil.

É esperada a assinatura de 20 atos, entre acordos, memorandos e protocolos de intenções, em diversas áreas. São exemplos uma declaração sobre clima, tendo em vista a COP30, educação, saúde, segurança pública e ciência, tecnologia e inovação.

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